A polêmica da pesca proibida na Represa do Passaúna: o que está em jogo?

Pescadores amadores de Curitiba têm levantado uma questão importante: por que a Prefeitura não regulamenta a pesca na Represa do Passaúna, permitindo a prática com licença ambiental e cobrança de taxa para fins de preservação? A demanda ganha força diante da proibição atual de pesca a partir da margem (conhecida como "pesca de barranco"), conforme informam a própria Prefeitura e o Corpo de Bombeiros do Paraná. A restrição é justificada como medida de segurança e proteção da água potável que abastece a cidade. Mas será que uma regulamentação mais equilibrada seria possível?

Preservação versus lazer: entenda os desafios da pesca no Passaúna

A Represa do Passaúna é uma das principais fontes de abastecimento hídrico da Região Metropolitana de Curitiba, gerida pelo Instituto Água e Terra (IAT) em conjunto com a Prefeitura. A proibição da pesca de barranco visa evitar a contaminação da água por resíduos, restos de isca, acúmulo de lixo e até esgoto clandestino, além de reduzir o risco de acidentes, como afogamentos. Por outro lado, a pesca embarcada em caiaques está liberada desde 2021, mas apenas em áreas permitidas.

No entanto, muitos pescadores amadores se questionam: se o problema está na forma de uso, por que não regulamentar? Uma licença individual, com pagamento de taxa de manutenção ambiental e limite de acessos, poderia oferecer uma alternativa sustentável, gerando receita para ações de fiscalização e educação ambiental.

Proibição gera frustração e mobiliza propostas alternativas

A pesca esportiva é uma atividade tradicional em Curitiba e, segundo pescadores locais, a proibição de pescar da margem limita o acesso dos mais pobres, já que embarcações como caiaques representam um custo alto. Para muitos, o lazer simples de passar uma tarde pescando à beira da represa tornou-se impossível.

A sugestão mais discutida entre os grupos de pescadores é a criação de uma licença ambiental amadora, com cadastro, número limitado de permissões diárias, fiscalização constante e valor simbólico revertido à preservação ambiental. A proposta, segundo eles, uniria responsabilidade e lazer, em vez de exclusão.

Especialistas defendem equilíbrio e uso consciente de espaços naturais

Especialistas em recursos hídricos alertam que o debate deve ir além da proibição ou liberação. Segundo o engenheiro ambiental Luiz Fernando Lima, “é possível criar zonas de uso controlado sem comprometer a qualidade da água, desde que haja gestão ativa e educação dos usuários”.

Cidades como São Paulo e Belo Horizonte já adotam modelos híbridos de permissão em represas urbanas, com sucesso. Em Curitiba, a discussão ainda encontra resistência, especialmente pela necessidade de garantir 100% de segurança hídrica. No entanto, a crescente pressão popular pode abrir espaço para modelos de concessão ambiental monitorada, que combinem preservação, lazer acessível e consciência ecológica.

Conclusão: repensar o uso da Represa do Passaúna é um debate necessário

A proibição da pesca de barranco na Represa do Passaúna toca em temas sensíveis como acesso democrático ao lazer, preservação ambiental e gestão pública participativa. Enquanto a Prefeitura e os órgãos ambientais seguem priorizando a segurança e a proteção da água, os pescadores amadores pedem diálogo, equilíbrio e regulamentação inteligente.

A questão permanece: será que uma licença ambiental para pesca amadora, com regras claras e fiscalização, não seria uma solução mais justa para todos?

Grupo de visitantes pratica stand up paddle e caiaque na Represa do Passaúna, em Curitiba, em área permitida para atividades náuticas com embarcação leve.

Crédito da foto: Passaúna Paddle Club / Reprodução

❓PERGUNTA PARA INTERAÇÃO

Você concorda com a criação de uma licença ambiental para permitir a pesca de barranco no Passaúna?

📲 Acompanhe atualizações em tempo real e siga o Portal de Notícias de Curitiba:

👉 Facebook Oficial