A expectativa de uma nova vida se transformou em tragédia em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. Angelina Roberta Marques, de 32 anos, grávida de nove meses, foi atropelada por um caminhão dos Correios a apenas três semanas do parto. O acidente, que chocou moradores locais e ganhou repercussão em todo o Paraná, resultou na morte da mãe e da bebê, que se chamaria Maitê.

Em um dos casos mais comoventes do ano na RMC, a vítima ficou presa sob o rodado do veículo e precisou ser resgatada de helicóptero, em estado gravíssimo. A fatalidade reacendeu discussões sobre o trânsito em áreas urbanas e a responsabilidade de empresas que operam com transporte pesado nas cidades.

O Acidente em Piraquara

Resgate dramático

O atropelamento aconteceu por volta do meio-dia de segunda-feira (12), em uma via movimentada de Piraquara. Angelina caminhava sozinha até uma consulta médica de pré-natal quando foi atingida por um caminhão dos Correios. O impacto foi tão severo que ela ficou presa embaixo do rodado.

O resgate mobilizou o helicóptero do Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas (BPMOA), que a levou em estado crítico até o Hospital do Trabalhador, em Curitiba. Apesar dos esforços médicos, a vítima não resistiu a uma hemorragia interna causada pelo acidente.

Tragédia dupla

Além da morte de Angelina, a bebê Maitê, que estava com o parto previsto para ocorrer em cerca de três semanas, também não sobreviveu. A morte comoveu familiares, amigos e mobilizou manifestações de pesar nas redes sociais.

Repercussão e comoção familiar

‘Era meu tudo’

Douglas Alves Martins, marido de Angelina e pai de Maitê, relatou a dor da perda. "Não estou acreditando que ela se foi. Era meu tudo. Ela e Maitê seriam meus grudes", desabafou. Ele ainda contou que a esposa raramente saía sozinha e que, naquele dia, estava apenas indo à consulta médica.

Angelina deixa uma filha de sete anos, de outro relacionamento, que agora enfrenta a dor da perda da mãe e da irmã que não chegou a conhecer.

Resposta dos Correios

Em nota oficial, os Correios afirmaram que acionaram os órgãos de segurança imediatamente após tomarem conhecimento do acidente. A estatal lamentou profundamente o ocorrido e informou que está colaborando com as investigações.

“A empresa prestadora de serviços também está acompanhando o caso”, acrescentou a nota.

A companhia não detalhou se o motorista foi afastado ou se outras medidas administrativas foram adotadas até o momento.

Segurança Viária em Debate

Frota pesada e áreas urbanas

O acidente reacende debates sobre a presença de veículos de grande porte em áreas urbanas e residenciais, especialmente na Região Metropolitana de Curitiba. Caminhões operacionais, como os dos Correios e de transportadoras privadas, muitas vezes dividem espaço com pedestres em vias sem estrutura adequada.

Segundo dados do Detran-PR, o número de acidentes envolvendo caminhões em áreas urbanas aumentou 8% em 2024 no estado, com destaque para cidades da Grande Curitiba como Colombo, Piraquara, Pinhais e Araucária.

Especialistas alertam

Especialistas em trânsito apontam que a legislação atual não prevê restrições suficientemente rigorosas para o tráfego de caminhões em vias locais. A urbanista e professora da UFPR, Carla Menezes, ressalta:

“A falta de sinalização adequada, calçadas estreitas e ausência de fiscalização criam um ambiente hostil para o pedestre, principalmente em regiões periféricas.”

Casos semelhantes e contexto nacional

Ocorrências recorrentes

Não é o primeiro acidente grave envolvendo caminhões dos Correios. Em 2022, um motociclista morreu em Londrina após colisão com um veículo da estatal. Em 2023, um pedestre ficou com sequelas permanentes após ser atingido em São José dos Pinhais.

Acidentes com gestantes

Casos como o de Angelina são raros, mas extremamente impactantes. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), gestantes envolvidas em acidentes de trânsito apresentam risco três vezes maior de óbito fetal.

Impacto local e medidas esperadas

Luto em Piraquara

A morte de Angelina mobilizou a comunidade local. Vizinhos, familiares e moradores se organizaram para prestar homenagens à vítima. Um memorial improvisado foi montado próximo ao local do acidente.

Ações esperadas

A Prefeitura de Piraquara informou, em nota, que aguarda o relatório da Polícia Civil para avaliar se haverá alterações no tráfego da região. Parlamentares locais também sugeriram a criação de um projeto de lei para restringir a circulação de veículos de grande porte em horários de pico e próximo a escolas, unidades de saúde e bairros residenciais.

Conclusão

O trágico atropelamento de Angelina Roberta Marques e sua bebê expõe feridas profundas na mobilidade urbana da Região Metropolitana de Curitiba. Além da dor da perda, a sociedade é chamada a refletir sobre as responsabilidades públicas e privadas na segurança viária.

A comoção causada pelo caso deve acelerar debates e políticas para prevenir que outras famílias passem por situações semelhantes. A vida de Angelina e Maitê não pode ser em vão.

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