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Curitiba,16/05/2025

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    Número de casamentos cai e divórcios aumentam no Brasil, segundo IBGE

    Com menos uniões civis e mais dissoluções, dados do IBGE revelam transformações profundas nos modelos familiares brasileiros — com impactos diretos em Curitiba e em todo o Paraná.

    Agência Brasil
    Número de casamentos cai e divórcios aumentam no Brasil, segundo IBGE Casais homoafetivos celebram casamento coletivo em evento promovido para promover a igualdade de direitos no Brasil, com bandeiras do arco-íris e do Brasil ao fundo. Créditos da foto: Elza Fiúza / Agência Brasil

    Menos casamentos, mais divórcios: os dados do IBGE que revelam um novo Brasil


    O número de casamentos no Brasil recuou em 2023, registrando 940,8 mil uniões civis, segundo a Pesquisa de Estatísticas do Registro Civil do IBGE. Esse número representa uma queda de 3% em comparação com o ano anterior, e marca o retorno de uma tendência de diminuição iniciada ainda antes da pandemia. Em contrapartida, os divórcios voltaram a subir, com 440,8 mil registros — crescimento de 4,9% em relação a 2022.


    Esses dados não apenas confirmam mudanças nos hábitos e comportamentos sociais da população, mas também refletem o impacto de decisões judiciais e legislativas importantes. Em Curitiba e em diversas cidades do Paraná, esse novo retrato das famílias brasileiras já pode ser percebido em cartórios, tribunais e no cotidiano das pessoas.




    Evolução histórica: casamento em queda desde 2015


    O Brasil vem registrando uma queda gradual no número de casamentos desde 2015, quando o total chegou a 1,137 milhão. Com exceção de breves recuperações nos anos de 2021 e 2022, o cenário é de retração:


    AnoNúmero de casamentos
    20151,137 milhão
    20191,025 milhão
    2020757 mil
    2021932,5 mil
    2022970 mil
    2023940,8 mil
    Essa tendência indica transformações culturais significativas. Como aponta a gerente da pesquisa do IBGE, Klivia Brayner de Oliveira, o casamento deixou de ser uma exigência social. "A sociedade é mais líquida. As pessoas hoje têm mais liberdade para escolher se querem formalizar uma união e como farão isso", afirma.



    Uniões homoafetivas: avanços e estatísticas


    Desde 2013, ano em que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou a Resolução 175 impedindo cartórios de se recusarem a converter uniões estáveis homoafetivas em casamentos, os registros de casamentos entre pessoas do mesmo sexo passaram a fazer parte oficialmente das estatísticas do IBGE.


    Em 2023, foram registrados 11,2 mil casamentos homoafetivos, o equivalente a 1,2% do total. Embora ainda representem uma pequena parcela das uniões civis, esses dados consolidam a conquista de direitos civis fundamentais para a população LGBTQIA+.


    Curitiba, inclusive, tem se destacado nacionalmente como uma das cidades com maior proporção de casamentos homoafetivos no país, reflexo de sua postura mais progressista em temas de diversidade e inclusão.




    Casamentos mais tardios e menos tradicionais


    Outro dado revelador da pesquisa está na idade média dos cônjuges:




    • Mulheres: 29,2 anos




    • Homens: 31,5 anos




    • Casais homoafetivos: homens (34,7 anos), mulheres (32,7 anos)




    O levantamento mostra que os brasileiros estão se casando mais tarde. O percentual de cônjuges com 40 anos ou mais cresceu significativamente nas últimas duas décadas:




    • Homens com 40+: de 13% em 2003 para 31,3% em 2023




    • Mulheres com 40+: de 8,2% para 25,1%




    Além disso, o perfil dos casamentos está mudando. Em 2003, 86,9% dos casamentos eram entre pessoas solteiras. Em 2023, esse número caiu para 68,7%, com aumento nos registros entre pessoas divorciadas ou viúvas.




    Taxa de nupcialidade em queda: o que isso significa?


    A taxa de nupcialidade – que relaciona o número de casamentos à população com 15 anos ou mais – caiu para 5,6 em 2023. Para comparação, em 1980 esse índice era de 12,2. Essa queda mostra que o casamento formal perdeu protagonismo como modelo de união, sendo substituído muitas vezes por uniões estáveis, convivências informais ou mesmo relações independentes de rótulos jurídicos.




    Divórcios em alta: reflexo de leis e liberdade


    Ao contrário dos casamentos, os divórcios aumentaram no Brasil. Em 2023, foram 440,8 mil registros, crescimento de 4,9% frente a 2022. Do total, 81% foram judiciais e 18,2% extrajudiciais.


    AnoNúmero de divórcios
    2009174,7 mil
    2010239 mil
    2011347,6 mil
    2018385,2 mil
    2022420 mil
    2023440,8 mil
    A taxa geral de divórcios, que considera a população com 20 anos ou mais, também subiu:



    • 2016: 2,4




    • 2019: 2,5




    • 2020: 2,1 (queda devido à pandemia)




    • 2022 e 2023: 2,8




    Segundo Klivia de Oliveira, as mudanças legais – como a Emenda Constitucional de 2010, que eliminou a exigência de separação prévia – facilitaram o processo de divórcio. "Hoje, não é necessário passar por um processo de separação judicial para depois pedir o divórcio. Isso tornou a dissolução do casamento mais acessível e rápida", explica.




    Casamentos mais curtos: duração média cai


    Em 2010, o tempo médio entre casamento e divórcio era de 15,9 anos. Em 2023, essa média caiu para 13,8 anos. Também se observou uma diferença de idade entre os cônjuges no momento do divórcio:




    • Homens: 44,3 anos




    • Mulheres: 41,4 anos




    Essa tendência aponta para uma redução na longevidade dos casamentos e maior aceitação da separação como parte natural da trajetória conjugal.




    Guarda compartilhada: nova realidade nas famílias brasileiras


    A guarda dos filhos após o divórcio também está passando por mudanças. Desde 2014, com a Lei nº 13.058, passou a ser priorizada a guarda compartilhada. Os dados confirmam essa transformação:




    • Guarda da mãe: caiu de 85,1% (2014) para 45,5% (2023)




    • Guarda compartilhada: subiu de 7,5% para 42,3%




    • Guarda do pai: caiu de 5,5% para 3,3%




    Os dados mostram que a presença ativa de ambos os genitores é cada vez mais comum e socialmente incentivada, refletindo também nas decisões judiciais em Curitiba e no Paraná.




    Impactos locais: como Curitiba acompanha essa transformação


    Em Curitiba, especialistas em direito de família, psicólogos e lideranças comunitárias têm observado um aumento na procura por uniões estáveis, especialmente entre jovens que priorizam flexibilidade e autonomia. Ao mesmo tempo, cresce a demanda por mediações extrajudiciais de divórcio, muitas delas realizadas diretamente em cartórios.


    Além disso, o número de registros de guarda compartilhada tem aumentado nos fóruns da capital paranaense, acompanhando a tendência nacional. Escolas e serviços públicos também têm se adaptado a essa nova configuração familiar, adotando linguagem inclusiva e políticas que respeitam diferentes arranjos familiares.




    Conclusão: o Brasil em transformação


    Os dados do IBGE escancaram uma realidade que já vinha se desenhando há anos: o modelo tradicional de casamento está dando lugar a uma multiplicidade de formas de união, dissolução e convivência. Em Curitiba, essas mudanças têm efeitos diretos na vida das famílias, na justiça, na educação e nos serviços públicos.


    A liberdade de escolha e a valorização da autonomia pessoal marcam uma nova era nas relações afetivas no Brasil. Ao mesmo tempo, as instituições precisam acompanhar esse movimento, oferecendo estrutura e acolhimento para todos os tipos de famílias.




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