Dono de mercado reage a assalto em Mococa, mata suspeito e tem casa atacada por familiares
Reação de comerciante durante tentativa de roubo gera polêmica em cidade do interior paulista; prejuízo após retaliação chega a R$ 70 mil

Uma tentativa de assalto que terminou com um criminoso morto e uma retaliação violenta ganhou as ruas e os grupos de WhatsApp de Mococa (SP) nos últimos dias. A ação ousada de dois homens armados — com uma faca e uma arma de brinquedo — dentro de um mercadinho da cidade culminou na morte de um deles, alvejado pelo dono do estabelecimento. O outro foi preso após receber atendimento médico.
O caso, ocorrido na quinta-feira (15), dividiu opiniões e reacendeu debates sobre segurança pública, justiça com as próprias mãos e os limites da legítima defesa. Imagens das câmeras de segurança mostram o momento da invasão e os instantes de tensão vividos pelo comerciante, sua esposa e uma funcionária.
Assalto à mão armada com faca e pistola falsa termina em tragédia
As imagens de segurança revelam o momento em que dois suspeitos entram no mercadinho, localizado em um bairro tranquilo de Mococa. Um deles, vestindo um casaco vermelho e com o rosto coberto, saca uma arma e anuncia o assalto. Enquanto isso, o outro se dirige ao caixa.
O dono do mercado, que acompanhava tudo pelas câmeras instaladas no local, agiu rapidamente. Em questão de segundos, sacou sua arma e disparou contra os suspeitos. Um deles caiu morto no local. O outro, ferido, foi levado ao hospital sob custódia policial.
Momento em que um dos assaltantes é surpreendido pelos disparos do comerciante, que observava pelas câmeras de segurança.
Segundo o boletim de ocorrência, os assaltantes estavam com uma faca e uma arma de brinquedo, ambas apreendidas pela polícia. A arma do comerciante também foi recolhida, mas como ele agiu em legítima defesa, conforme avaliação preliminar da polícia civil, não foi detido.
Família do suspeito morto ataca casa do comerciante após repercussão
A história, no entanto, não terminou com a prisão do segundo assaltante. Na manhã seguinte, familiares do suspeito que morreu no local foram até a casa do comerciante e iniciaram um ataque com pedras. O carro do empresário foi duramente danificado, assim como janelas e portões da residência.
Veículo do comerciante destruído após ataque de retaliação feito por parentes do assaltante morto.
De acordo com relatos de vizinhos, foram momentos de pânico. O prejuízo, conforme estimativas da vítima, pode chegar a R$ 70 mil. A Polícia Militar foi acionada e registrou a ocorrência, mas até o momento não houve prisões relacionadas ao ato de vandalismo.
Legítima defesa ou excesso? O que diz a legislação
Casos como o de Mococa levantam discussões acaloradas sobre os limites entre o instinto de autoproteção e a justiça pelas próprias mãos. De acordo com o artigo 25 do Código Penal Brasileiro, considera-se legítima defesa o ato de "usar moderadamente dos meios necessários para repelir injusta agressão, atual ou iminente".
“Cada caso deve ser analisado com muito cuidado. A legítima defesa é um direito garantido, mas sempre deve respeitar a proporcionalidade”, explica o advogado criminalista Diego Bastos. “Neste caso, tudo indica que o comerciante agiu para proteger sua família, o que é compreensível diante da ameaça direta.”
Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, os crimes contra o patrimônio, como roubos e furtos, apresentaram queda no primeiro trimestre de 2025 no interior do estado, mas a sensação de insegurança ainda é alta, especialmente entre pequenos comerciantes.
Impacto na comunidade e medo de represálias
O caso gerou grande repercussão em Mococa, uma cidade com pouco mais de 60 mil habitantes, e mobilizou comerciantes locais. Muitos relatam sentir medo de agir em situações semelhantes por receio de retaliações ou complicações judiciais.
“Eu faria o mesmo se minha esposa estivesse em perigo”, disse um comerciante vizinho que preferiu não se identificar. “Mas agora o homem está com a casa depredada, o carro destruído... Isso mostra que a vítima vira alvo depois.”
A polícia informou que irá investigar os ataques à residência do comerciante e reforçou o patrulhamento na região para evitar novos incidentes.
Conclusão: entre a coragem e o caos, o preço da reação
A reação do dono do mercadinho de Mococa salvou sua família, evitou um assalto mais grave e colocou um dos criminosos fora de circulação. No entanto, também escancarou a vulnerabilidade de quem se vê forçado a reagir. A violência gerou um efeito dominó: morte, prisão, retaliação e medo. Um retrato duro, mas real, da segurança pública em muitas cidades do interior do Brasil.
Enquanto isso, comerciantes, moradores e autoridades refletem: como proteger a própria vida sem se tornar alvo novamente?
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