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Vítima de tráfico sexual na Irlanda relata rotina exaustiva: 'Privação de sono e cansaço eram a pior parte'

Mulher foi abordada em uma casa noturna da Grande Florianópolis por um dos suspeitos e que as mulheres eram forçadas a trabalhar em jornadas que chegavam a 18 horas por dia.

g1.globo.com
Vítima de tráfico sexual na Irlanda relata rotina exaustiva: 'Privação de sono e cansaço eram a pior parte' Ação contra tráfico de mulheres e exploração sexual cumpre mandados em 6 estados e Irlanda


Ação contra tráfico de mulheres e exploração sexual cumpre mandados em 6 estados e Irlanda
Xingamentos, uma folga por mês e rotina exaustiva: era assim os dias de uma das vítimas do grupo suspeito de traficar mulheres para exploração sexual na Irlanda e alvo da Polícia Federal na Operação Cassandra, na quarta-feira (3). Ao NSC Total, a mulher falou que foi abordada em uma casa noturna da Grande Florianópolis por um dos suspeitos.
Em entrevista, ela disse que já sabia que iria ao país para fazer programas, mas foi surpreendida com o que encontrou: "Às vezes, ficávamos 24 horas sem dormir. A privação de sono e o cansaço eram a pior parte. Também tinha agressão verbal. Se a gente fazia alguma coisa errada, ele [chefe da organização] gritava", disse.
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Segundo a Polícia Federal, cinco pessoas foram presas no Brasil, enquanto outras três na Irlanda, para onde a maioria das vítimas se deslocava. A investigação aponta que os criminosos atuam desde 2017, onde exercem rígido controle sobre as mulheres, que eram aliciadas em baladas e boates de Santa Catarina.
"Ele disse que eu era bonita e iria fazer muito dinheiro lá fora", disse a mulher, que custeou toda a viagem do próprio bolso e deixou o esquema após alguns meses.
Ela ainda contou que ganhou bastante dinheiro, mas não suportou a rotina abusiva. "Algumas meninas iam embora. Mas uma semana depois chegava mais".
Até agora, as apurações da PF identificaram 70 mulheres sendo exploradas. As investigações seguem em andamento. Os nomes dos presos não foram informados.
Criminosos aliciavam mulheres em baladas de SC
PF deflagra operação contra tráfico e exploração sexual de 70 mulheres
Rotina
Conforme o relato da mulher que não teve o nome divulgado, em Dublin as mulheres dividiam casas controladas pela organização e eram proibidas de dormir em outros lugares. Elas eram forçadas a trabalhar das 9h40 até 3h ou 4h da madrugada, em jornadas que chegavam a 18 horas por dia.
A jovem conta que chegou a atender uma dezena de pessoas em um único dia e, em uma ocasião, foi obrigada a trabalhar menstruada. A organização também impunha restrições na rotina, onde as vítimas tinham apenas uma folga por mês, e não podiam sair de casa à tarde.
"Só podia ficar até 12h. Se chegasse 12h01min, levava multa, às vezes de 150 euros", disse.
Segundo ela, as multas eram dadas por qualquer coisa, como deixar a música alta ou bater porta. Algumas das mulheres chegaram a ficar negativadas e, dessa forma, impedidas de deixar o esquema.
Os programas custavam entre 150 e 250 euros e eram depositados nas contas da organização. Duas vezes por semana, os criminosos repassavam uma parte para as vítimas, descontando as multas o aluguel.
Investigação
Responsável pela operação, o delegado Farnei Franco Siqueira afirmou que havia diversos integrantes na organização criminosa responsáveis por recrutar as mulheres, em sua maioria jovens em situação de vulnerabilidade financeira.
"Se fazia essa oferta pelo perfil da menina, pelas características físicas e por uma série de circunstâncias. Mas era toda uma organização que tinha pessoas dedicadas a isso e que faziam, principalmente em clubes, essa busca", concluiu o delegado.
PF cumpre mandados de prisão e busca e apreensão contra investigados pelos crimes de exploração sexual
PF/Divulgação
Além da exploração sexual, o grupo é suspeito de rufianismo, lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro nacional e crimes tributários. Conforme a PF, para ocultar e usufruir do dinheiro da exploração, o grupo criminoso lavava o dinheiro e cometia fraudes documentais, e outros crimes financeiros.
A ação foi feita em cooperação internacional com a EUROPOL e a Garda National Protective Services Bureau, da Irlanda, que simultaneamente deflagrou a Operation Rhyolite, voltada a apurar crimes praticados pelo mesmo grupo criminoso naquele país.
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