Microplásticos ameaçam saúde humana e ambiental, alerta especialista
Fragmentos invisíveis já fazem parte do ar, da água e da cadeia alimentar global
Intervenção artística chama atenção para os impactos da poluição plástica durante protesto ambiental. — Foto: Martin Meissner/AP Microplásticos já estão no ar, na água e nos alimentos, explica químico do CFQ
Fragmentos minúsculos de plástico estão poluindo o planeta de forma silenciosa e persistente. Segundo Wilson Botter, segundo vice-presidente do Conselho Federal de Química (CFQ), os chamados microplásticos são responsáveis por uma contaminação generalizada do ar, da água e do solo — e o problema já atinge diretamente a saúde humana e a biodiversidade.
Essas partículas, apesar de quase invisíveis a olho nu, estão presentes em diversos produtos do cotidiano e entram na cadeia alimentar por meio do consumo de animais contaminados, como peixes e frutos do mar.
Plásticos invisíveis, mas presentes em tudo
De acordo com o especialista, os microplásticos são originados de materiais plásticos comuns, como embalagens, roupas sintéticas e componentes industriais, que se fragmentam ao longo do tempo.
“Microplásticos, na realidade, são os mesmos plásticos que a gente usa em tamanho normal (...), só que em dimensões muito reduzidas”, explica Botter.
O maior desafio é a disseminação silenciosa dessas partículas, que são levadas pelo vento, esgoto e águas pluviais, chegando facilmente a rios, mares e até ao corpo humano. Um estudo da Universidade de Vrije, na Holanda, já detectou microplásticos na corrente sanguínea de pessoas.
Contaminação entra pela boca e pelo ar
A presença de microplásticos nos ecossistemas aquáticos é especialmente preocupante. Muitos organismos marinhos confundem os fragmentos com alimento — e, ao consumi-los, acabam acumulando essas partículas em seus organismos. O resultado: os microplásticos retornam aos humanos por meio da alimentação.
“Além de se alimentarem com plânctons, os animais ingerem microplásticos. Como essas partículas são muito pequenas, acabam sendo absorvidas pelo organismo e entram na cadeia alimentar”, alerta Botter.
Além da água e dos alimentos, estudos também apontam que já respiramos microplásticos presentes na poeira doméstica e urbana, o que levanta sérios questionamentos sobre os efeitos dessas substâncias no sistema respiratório e cardiovascular.
Sustentabilidade e mudança de hábitos são chave
Frente ao avanço da poluição plástica, Wilson Botter destaca a importância de adotar o conceito dos “3 Rs”: reduzir, reutilizar e reaproveitar. Para ele, a mudança de mentalidade no consumo e descarte de materiais plásticos é urgente e essencial.
“É uma questão de buscar novas fontes para esses mesmos materiais, de tentar reduzir o consumo, e depois de eles terem sido utilizados, buscar uma maneira de devolvê-los ao ambiente de maneira não tóxica.”
Organizações ambientais defendem políticas públicas mais rígidas de controle e incentivo à produção de materiais biodegradáveis e à coleta seletiva. Curitiba, conhecida por seus programas de reciclagem, pode servir como exemplo positivo nesse combate, desde que amplie sua atuação nos bairros periféricos.
O impacto silencioso que já está entre nós
A crescente presença de microplásticos em ambientes naturais e urbanos escancara uma realidade preocupante: a poluição plástica não é mais visível apenas em oceanos ou lixões, ela já faz parte da nossa rotina e até do nosso corpo.
Reduzir a produção, repensar hábitos de consumo e investir em tecnologias limpas são medidas que precisam sair do discurso e ganhar força nas políticas públicas e no dia a dia da população. O alerta está dado.
❓ Você sabia que já pode estar consumindo microplásticos sem saber?
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