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🌿 Cerrado perde força hídrica e ameaça segurança energética do Paraná, alertam especialistas

Bioma conhecido como “berço das águas” já perdeu 27% de sua vazão desde a década de 1970; COP30 deve ampliar debate sobre conservação.

Agência Brasil
🌿 Cerrado perde força hídrica e ameaça segurança energética do Paraná, alertam especialistas Vista aérea mostra trecho de vegetação nativa e curso d’água no Cerrado, considerado o “berço das águas do Brasil”. — Foto: Ambiental Media / Divulgação

O que está acontecendo


Enquanto o mundo se prepara para a COP30, que será realizada em Belém (PA) em 2025, cientistas e ambientalistas alertam que o Cerrado precisa ser tratado com a mesma prioridade política que a Floresta Amazônica. O motivo: o bioma é o verdadeiro “berço das águas do Brasil”, responsável por alimentar oito das doze principais bacias hidrográficas do país — entre elas, as que garantem o abastecimento e a geração de energia no Paraná.


Pesquisas recentes estimam que 40% da água potável do Brasil venha do Cerrado, mas o desmatamento, impulsionado pela expansão do agronegócio, tem reduzido drasticamente a vazão dos rios e comprometido os aquíferos subterrâneos.




Perda equivalente a 30 piscinas olímpicas por minuto


O estudo “Cerrado: o Elo Sagrado das Águas do Brasil”, da Ambiental Media, revelou que o bioma perdeu 27% da vazão mínima dos rios desde a década de 1970. A perda equivale a 30 piscinas olímpicas de água por minuto, resultado direto de dois fatores principais:




  • Desmatamento e uso do solo (56%);




  • Mudanças climáticas (44%).




O geólogo Yuri Salmona, um dos autores do estudo, projeta que o Cerrado pode perder mais um terço de suas águas até 2050, afetando toda a matriz energética brasileira — especialmente os estados dependentes de hidrelétricas, como o Paraná.



“Podemos esperar um ambiente mais seco, com escassez e conflitos por água. Nossa matriz é hidrelétrica e a falta de água leva à falta de energia. O Cerrado sustenta 80% da área irrigada do país”, alertou Salmona.





Paraná depende da água do Cerrado


Embora o Cerrado esteja distante fisicamente de Curitiba, seus rios e lençóis freáticos alimentam bacias que influenciam o abastecimento e a geração de energia em boa parte do Sul e Sudeste.


De acordo com a Copel, cerca de 90% da eletricidade do Paraná vem de usinas hidrelétricas — um sistema altamente sensível à redução das vazões. A estiagem de 2021, por exemplo, foi agravada pela perda de fluxo nas cabeceiras formadas no Cerrado.



“A crise hídrica que o Sul enfrentou nos últimos anos mostra que o que acontece no Cerrado afeta diretamente o nosso dia a dia”, explica Iara Bueno Giacomini, diretora do Departamento de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente.





Desmatamento legal ainda é desafio


Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, mesmo com uma queda de 11% no desmatamento entre 2023 e 2024, o Cerrado continua sendo o bioma mais degradado do Brasil.


Um dos motivos é a flexibilidade do Código Florestal: na Amazônia, só é permitido desmatar 20% das áreas privadas, enquanto no Cerrado o índice pode chegar a 80%.


O governo federal trabalha em um decreto para criar Áreas Prioritárias de Conservação de Águas, mas ainda não há previsão de revisão do Código Florestal.



“Ainda não chegamos a um ponto de não retorno, mas o problema é complexo. Precisamos da conscientização do agronegócio e do apoio dos estados”, afirmou Giacomini.





Agronegócio reage com cautela


A Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) disse não reconhecer o estudo da Ambiental Media, atribuindo ao governo a responsabilidade por políticas que conciliem produção e sustentabilidade.

Já a Aprosoja declarou ser “contra qualquer desmatamento que não esteja em conformidade com as leis ambientais”.


Para Isabel Figueiredo, do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), os governos estaduais são os principais responsáveis por mudar o cenário:



“As secretarias de meio ambiente precisam parar de agir como despachantes do agronegócio e retomar o controle técnico das autorizações para desmate”, afirmou.





Conclusão: água, energia e futuro interligados


A crise no Cerrado vai muito além da perda de biodiversidade. O bioma é o coração hídrico do Brasil — e sua degradação pode comprometer o abastecimento, a produção agrícola e o fornecimento de energia em todo o país.


Para o Paraná, que depende fortemente da hidreletricidade e das chuvas regulares, a preservação do Cerrado é questão de segurança hídrica e energética.



“Sem Cerrado, o Brasil seca. E o Paraná sente primeiro”, resume o geólogo Yuri Salmona.





💬 E você, acredita que o Paraná deveria pressionar por maior proteção ao Cerrado na COP30?




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