Dick Cheney, ex-vice-presidente dos EUA e mentor da invasão do Iraque, morre aos 84 anos
Republicano teve complicações de pneumonia e doenças cardíacas; Cheney foi considerado um dos vice-presidentes mais poderosos da história americana
Dick Cheney durante coletiva na Casa Branca em 2004. — Foto: Reuters / Arquivo Ex-vice-presidente Dick Cheney morre aos 84 anos
O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Dick Cheney, um dos principais arquitetos da invasão do Iraque em 2003 e considerado por historiadores um dos vice-presidentes mais influentes da história americana, morreu aos 84 anos, conforme informou sua família nesta terça-feira (4).
Segundo o comunicado, Cheney faleceu na noite de segunda-feira (3) em decorrência de complicações de pneumonia e doenças cardíacas e vasculares.
De Wyoming à Casa Branca: trajetória de poder
Republicano de longa data, ex-congressista e ex-secretário de Defesa, Cheney já era uma figura de peso em Washington antes de ser escolhido como companheiro de chapa do então governador do Texas, George W. Bush, nas eleições de 2000.
Entre 2001 e 2009, durante os dois mandatos da administração Bush, Cheney defendeu a ampliação do poder executivo e consolidou sua reputação como um estrategista duro e reservado. Criou em torno de si uma estrutura de influência incomum para um vice-presidente, especialmente nas áreas de defesa e política externa.
Arquitetura da guerra do Iraque e políticas controversas
Cheney foi um dos principais defensores da invasão do Iraque em 2003, baseando-se na alegação — posteriormente refutada — de que o regime de Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa.
Sua postura firme e sua influência direta sobre o Pentágono e a CIA o colocaram em rota de colisão com outras figuras do governo, como Colin Powell e Condoleezza Rice.
Ele também apoiou as chamadas “técnicas de interrogatório aprimoradas” aplicadas a suspeitos de terrorismo, como o afogamento simulado (waterboarding) e privação de sono — métodos posteriormente classificados como tortura por organismos internacionais e pelo Comitê de Inteligência do Senado dos EUA.
Um conservador que rompeu com Donald Trump
Nos últimos anos, Cheney e sua filha, Liz Cheney, se tornaram críticos abertos do ex-presidente Donald Trump. Liz perdeu sua cadeira na Câmara dos Deputados após votar pelo impeachment de Trump em 2021, depois da invasão do Capitólio.
Dick Cheney apoiou publicamente a decisão da filha e afirmou, em 2024, que votaria na democrata Kamala Harris. Em uma de suas últimas declarações públicas, afirmou:
“Nos 248 anos de história de nossa nação, nunca houve um indivíduo que fosse uma ameaça maior à nossa República do que Donald Trump.”
Problemas de saúde e transplante de coração
Cheney conviveu com problemas cardíacos por décadas. Sofreu o primeiro de uma série de ataques cardíacos aos 37 anos e, em 2012, passou por um transplante de coração. Apesar das limitações médicas, manteve-se ativo politicamente até seus últimos anos.
Legado e controvérsia
Para seus aliados, Cheney representou a determinação e a força da liderança americana no pós-11 de Setembro. Para seus críticos, foi o símbolo do intervencionismo militar e do secretismo político que marcaram a era Bush.
Sua morte encerra uma das trajetórias mais marcantes — e polêmicas — da política dos Estados Unidos nas últimas décadas.
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