Produtor do Paraná colhe mamão gigante de quase 10 kg
Fruta gigante cultivada em São Miguel do Iguaçu mede mais de 60 cm e pertence à variedade formosa, segundo agrônomos. Caso desperta interesse de especialistas e agricultores.

Imagine colher um mamão tão grande que mais parece uma abóbora. Em São Miguel do Iguaçu, no Oeste do Paraná, essa cena se tornou realidade. O serralheiro e produtor Carlos Stankwisk se deparou com uma surpresa digna de vitrine: um mamão com 64 centímetros de comprimento e quase 10 quilos. A fruta, que pertence à variedade formosa, surpreendeu pela dimensão, sabor adocicado e textura firme. O que começou como um experimento despretensioso no quintal acabou chamando a atenção de agrônomos, vizinhos e produtores da região — e agora de todo o Brasil.
Fruta gigante nasceu por acaso e virou orgulho do produtor
Tudo começou há cerca de cinco anos, quando Carlos resolveu plantar mamoeiros em sua propriedade rural, como forma de diversificar o que colhia para consumo próprio. O cultivo foi simples: adubo, cuidado e paciência. No meio das mudas, uma semente trazida do Mato Grosso do Sul acabou se revelando especial. Já na primeira safra, as frutas começaram a se destacar.
“Na época, a gente nem imaginava. Um dos mamões pesava 5 quilos, já era grande, mas aí, na safra seguinte, vieram os gigantes de verdade”, conta Carlos, com entusiasmo. Uma das frutas chegou a 64 cm e quase 10 kg — mais que o triplo do peso comum de um mamão formosa, geralmente entre 1,5 kg e 3 kg.
Apesar do tamanho, o sabor não decepcionou. “A gente deixou amadurecer bem no pé. Quando colheu, estava doce, bem gostoso”, relata o produtor, que agora estuda multiplicar as sementes para novas mudas e quem sabe criar uma linhagem local diferenciada.
O que dizem os especialistas: genética, clima e cuidados
Para o engenheiro agrônomo Felipe Cervantes, o caso do mamão gigante tem explicação genética. Ele pertence à família do mamão formosa, variedade mais robusta que o tradicional papaia (aquele menor e mais comum no café da manhã brasileiro).
“O normal é que essas frutas tenham entre 20 a 30 centímetros de comprimento e não passem de 3 quilos. O que o Carlos conseguiu é uma exceção, mas não um milagre. É fruto de uma seleção natural e provavelmente de uma semente com características genéticas raras”, explica Cervantes.
Segundo o especialista, a região Sul do Brasil normalmente não é conhecida pela produção de mamão por causa das temperaturas mais baixas. Os grandes polos são Bahia e Espírito Santo. Porém, quando há condições ideais — clima ameno, solo fértil e boa condução da planta — a natureza pode surpreender.
O Paraná e as potencialidades agrícolas fora do óbvio
O caso do mamão gigante em São Miguel do Iguaçu reforça uma tendência que cresce no Paraná: a busca por inovação em pequenas propriedades rurais, aliando conhecimento técnico, curiosidade e adaptabilidade do produtor. Embora não seja referência nacional em mamão, o estado se destaca pela versatilidade e diversidade de culturas.
De acordo com dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES), mais de 80% das propriedades no estado são de base familiar. Isso significa que experiências como a de Carlos não são apenas possíveis — elas são motor de transformação rural e inovação no campo.
Gigante, doce e paranaense: e agora?
A colheita da fruta gigante despertou o interesse de vizinhos, curiosos e até de pesquisadores da região. Carlos afirma que pretende manter o mamoeiro saudável e colher novas frutas na próxima safra. Ele também já começou a guardar sementes para plantar novas mudas e observar se a genética especial vai se manter.
“Se continuar assim, quem sabe a gente cria até um mamão paranaense diferenciado”, brinca o produtor, que segue atuando como serralheiro, mas agora também se arrisca como agricultor curioso.
O papel das sementes e da seleção natural
O engenheiro Felipe Cervantes destaca que, assim como no caso de frutas exóticas ou gigantes, a seleção artificial de sementes é prática comum entre pequenos e grandes produtores. Ao escolher os frutos mais saudáveis, saborosos ou robustos para extrair sementes, cria-se um ciclo de aprimoramento da espécie.
“É assim que surgem variedades novas, com características desejadas. Às vezes o produtor acerta quase sem querer, como foi o caso em São Miguel do Iguaçu. Mas o ideal é continuar o acompanhamento técnico e talvez até envolver universidades ou instituições de pesquisa para entender melhor o fenômeno”, conclui.
Conclusão
A história do mamão gigante paranaense mostra que, mesmo em solos considerados fora do eixo principal da cultura, é possível colher resultados surpreendentes — literalmente. Com uma semente diferenciada, cuidado constante e uma pitada de sorte, o serralheiro Carlos Stankwisk transformou sua pequena plantação em manchete nacional. Mais do que o tamanho da fruta, o que cresce ali é a força da agricultura familiar, da curiosidade e da persistência.
E quem sabe, no futuro, o Paraná ganhe fama também como terra de mamões gigantes — doces, saborosos e cultivados com orgulho.
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