Execução por ciúmes: Flávio é morto a facadas e jogado no Rio Belém
Crime com motivação passional expõe violência entre pessoas em situação de rua na capital paranaense

Um crime brutal, motivado por ciúmes, chocou moradores da região central de Curitiba. Flávio de Paula Pereira, de 39 anos, foi espancado, esfaqueado e teve o corpo arremessado de uma altura de cinco metros no Rio Belém. A vítima, em situação de rua, teria sido assassinada por dois homens com quem disputava o afeto de uma mesma pessoa. O caso, investigado pela Polícia Civil do Paraná, já teve os dois suspeitos presos.
O episódio reacende o alerta sobre a violência que atinge pessoas em situação de vulnerabilidade social, especialmente nas regiões urbanas degradadas da cidade.
Crime sob o Viaduto Capanema: madrugada de horror
O homicídio ocorreu na madrugada de 28 de março, sob o Viaduto Capanema, próximo à Rua Engenheiros Rebouças e ao lado do Estádio Durival Britto e Silva — área conhecida por abrigar barracos improvisados e por ser ponto de encontro de pessoas em situação de rua e usuários de substâncias ilícitas.
Segundo o relato do sargento Mazepas, do Siate, quando as equipes de socorro chegaram ao local, o corpo de Flávio já estava no rio. O estado do cadáver indicava que a vítima estava no local há cerca de uma hora.
“A princípio, foi uma vítima de agressão. Após a agressão, jogaram ele dentro do rio. Ele está bem machucado e provavelmente faleceu com a queda”, disse o sargento.
Execução covarde dentro de um barraco
As investigações revelaram que Flávio foi atacado enquanto dormia, dentro de um barraco improvisado. Os agressores, dois homens de 38 e 40 anos, o espancaram e esfaquearam diversas vezes antes de atirar seu corpo no Rio Belém, de uma altura estimada de cinco metros.
O primeiro suspeito foi preso ainda no dia do crime. O segundo foi localizado e detido em 1º de abril. A dupla já foi identificada e responde por homicídio qualificado.
“Segundo apurado, a motivação do crime está relacionada à questão passional, tendo em vista que um dos autores e também a vítima estavam se relacionando com a mesma pessoa”, explicou o delegado Ivo Viana, responsável pela investigação.
Contexto social e vulnerabilidade: retrato de um problema crônico
Este não é um caso isolado. A região do Viaduto Capanema e os arredores do Estádio Durival Britto e Silva são marcados pela presença constante de pessoas em situação de rua, consumo de drogas e ausência de políticas públicas efetivas.
Conflitos, como o que resultou na morte de Flávio, muitas vezes surgem em um ambiente de disputa por recursos, afeto e sobrevivência. A motivação passional deste crime revela também a complexidade emocional presente mesmo em contextos de extrema vulnerabilidade.
O avanço da investigação
O inquérito conduzido pela Polícia Civil do Paraná foi finalizado e já encaminhado ao Ministério Público do Paraná (MP-PR). A expectativa é de que a denúncia seja formalizada nos próximos dias e que os dois acusados respondam criminalmente pelo homicídio qualificado por motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima.
Os nomes dos suspeitos ainda não foram divulgados oficialmente, mas ambos seguem detidos preventivamente.
Repercussão e apelo por justiça
Entidades de direitos humanos e coletivos de apoio às pessoas em situação de rua cobraram respostas rápidas das autoridades. A brutalidade do caso mobilizou também moradores e comerciantes da região, que denunciam a falta de assistência social, segurança e limpeza no entorno do viaduto.
Familiares e conhecidos de Flávio, mesmo com a vida difícil que ele levava, lamentaram profundamente a forma com que ele foi morto. “Ele era uma pessoa que lutava, que tentava se manter vivo. Isso foi uma covardia”, disse uma amiga da vítima que pediu anonimato.
Consequências e caminhos possíveis
A morte de Flávio evidencia a necessidade urgente de:
Reforçar políticas públicas de acolhimento para pessoas em situação de rua;
Aumentar a presença de assistência social nas regiões críticas da cidade;
Oferecer suporte psicológico e emocional para populações vulneráveis;
Criar mecanismos de mediação de conflitos e intervenções sociais antes que situações como essa se tornem irreversíveis.
Conclusão
A tragédia que vitimou Flávio de Paula Pereira não pode ser reduzida apenas a um crime passional. Ela reflete um cenário maior de abandono social, invisibilidade e violência. Curitiba, apesar dos avanços em mobilidade e inovação, ainda convive com bolsões de miséria e sofrimento silencioso.
O caso segue como alerta para gestores públicos, organizações sociais e toda a população: ninguém deve ser deixado para trás.
👉 Canal do Facebook
🔗 Link do portal
COMENTÁRIOS