HU de Cascavel é alvo de investigação por fraude em contrato milionário
Empresa terceirizada atua desde 2011 no HUOP fornecendo técnicos em radiologia. Funcionário do hospital também é investigado.

Em uma nova ação contra a corrupção no serviço público paranaense, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) apura suspeitas de fraude em um contrato de mais de R$ 7 milhões no Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP), em Cascavel. A investigação, que também envolve um funcionário do próprio hospital, reforça a urgência de mais transparência na gestão da saúde pública do estado.
O que motivou a investigação do Gaeco
Na manhã desta quarta-feira (7), o Gaeco cumpriu nove mandados de busca e apreensão em diversas cidades do Paraná: Cascavel, Quedas do Iguaçu, Cafelândia e Maringá. A operação teve como foco uma empresa terceirizada que presta serviços ao HUOP desde 2011, especialmente no setor de radiologia.
De acordo com o Ministério Público do Paraná (MP-PR), documentos e equipamentos eletrônicos foram apreendidos, e há indícios de fraudes em três processos licitatórios realizados em 2013, 2019 e 2025 — este último ainda vigente.
Como funcionava o suposto esquema
Segundo as investigações, a empresa envolvida é suspeita de ter fraudado licitações com o objetivo de garantir a continuidade da prestação de serviços ao hospital. O esquema, conforme o Gaeco, teria contado com o envolvimento direto de um funcionário do HUOP, responsável pela coordenação do centro de imagens da instituição.
Esse servidor público teria recebido pagamentos indevidos para favorecer a empresa durante os processos licitatórios, prática enquadrada nos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e fraude em licitação.
O nome da empresa e do servidor investigado não foram divulgados, devido ao sigilo das investigações em andamento.
O que diz o Hospital Universitário
Por meio de nota oficial, o Hospital Universitário do Oeste do Paraná afirmou que está colaborando com todas as solicitações das autoridades e que mantém seu compromisso com a transparência e a legalidade.
No entanto, o hospital não confirmou se o funcionário investigado foi afastado do cargo durante o processo de apuração.
Repercussão regional e impacto na gestão da saúde
A operação do Gaeco reforça preocupações já conhecidas em todo o Paraná sobre a vulnerabilidade dos contratos públicos na área da saúde, especialmente em instituições de grande porte como o HUOP, que atende milhares de pacientes em toda a região Oeste do estado.
Em Curitiba, casos semelhantes de irregularidades em contratos terceirizados têm chamado atenção da Controladoria-Geral do Estado (CGE), que busca ampliar os mecanismos de fiscalização em hospitais e unidades de atendimento emergencial.
O episódio em Cascavel acende um alerta sobre a necessidade de aprimoramento na contratação de serviços terceirizados, especialmente em áreas sensíveis como radiologia, onde a qualificação técnica e a confiabilidade são vitais.
Outros casos semelhantes no Paraná
Fraudes em licitações hospitalares não são novidade no estado. Em 2023, o Hospital Regional de Guarapuava foi alvo de uma operação semelhante, com suspeitas de superfaturamento em contratos de fornecimento de equipamentos médicos.
Em 2022, auditorias do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) identificaram falhas em mais de 20% dos contratos avaliados em unidades de saúde públicas e conveniadas.
Esses dados apontam para um problema estrutural na gestão dos recursos da saúde pública, exigindo investimentos não só em infraestrutura, mas em controle interno, compliance e capacitação de gestores.
Próximos passos da investigação
O Gaeco continua analisando os documentos e equipamentos apreendidos, e novas diligências podem ocorrer nas próximas semanas. Não está descartada a possibilidade de novos envolvidos serem identificados ou mesmo de prisões preventivas serem solicitadas, conforme o avanço da apuração.
O MP-PR também estuda pedir a suspensão imediata do contrato em vigor, caso fique comprovado que houve irregularidades que comprometem a continuidade do serviço.
Importância da transparência no serviço público
Casos como este evidenciam o quanto a transparência e o controle social são fundamentais para garantir a eficiência do serviço público. A terceirização de mão de obra, quando realizada sem fiscalização adequada, pode se transformar em porta de entrada para esquemas de corrupção e prejuízos milionários aos cofres públicos.
A sociedade civil, por meio de conselhos municipais e organizações não governamentais, também pode contribuir para a prevenção desses casos, exigindo acesso a informações públicas, auditorias independentes e participação popular nos processos decisórios.
Conclusão
A investigação do Gaeco no HUOP é mais um capítulo de um problema antigo que precisa ser enfrentado com rigor, tecnologia e envolvimento da sociedade. Em tempos de crise na saúde pública, cada real desviado significa menos exames, menos atendimento e mais sofrimento para a população.
O caso reforça a urgência de aperfeiçoar os mecanismos de controle de contratos públicos, não apenas em Cascavel, mas em todo o Paraná e no Brasil.
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