Seja bem-vindo
Curitiba,18/05/2025

    • A +
    • A -

    Paulistão Feminino: Jogadoras denunciam ameaças e machismo de árbitro

    Durante partida em Santana de Parnaíba, atletas do Red Bull Bragantino relataram falas machistas e ameaças vindas da arbitragem. Federação e clubes manifestaram apoio às jogadoras.

    Portal de Noticias de Curitiba
    Paulistão Feminino: Jogadoras denunciam ameaças e machismo de árbitro Jogadoras de São Paulo e Red Bull Bragantino durante partida válida pelo Campeonato Paulista Feminino, realizada no Estádio Municipal Prefeito Gabriel Marques da Silva, em Santana de Parnaíba (SP), na última quinta-feira (15). Créditos da Foto: Rub

    Introdução


    "Na hora certa, vou te pegar." A frase, dita por um árbitro durante uma partida oficial do Campeonato Paulista Feminino, escancarou uma ferida ainda aberta no futebol brasileiro: o machismo institucionalizado. O episódio, ocorrido na última quinta-feira (15), no Estádio Municipal Prefeito Gabriel Marques da Silva, em Santana de Parnaíba (SP), mobilizou clubes, atletas e a Federação Paulista de Futebol (FPF) em torno de um debate urgente sobre respeito e igualdade no esporte.


    As jogadoras Stella e Aline Milene, do Red Bull Bragantino, foram as protagonistas de uma denúncia corajosa, revelando não apenas ameaças verbais, mas também a omissão diante de gestos protocolados de alerta para atitudes preconceituosas. O caso levanta um importante questionamento: o futebol feminino brasileiro é, de fato, um ambiente seguro e acolhedor?




    O episódio em campo: ameaças e desrespeito


    Durante a partida contra o São Paulo, que terminou em 3 a 0 para o time tricolor, jogadoras do Red Bull Bragantino relataram ofensas e ameaças feitas por um árbitro escalado para a partida. Segundo Stella, meio-campista da equipe, o árbitro teria dito: “Na hora certa, vou te pegar.”


    A jogadora também relatou que, diante das falas preconceituosas, fez o gesto orientado pela Federação Paulista de Futebol (FPF) para denunciar episódios de discriminação. O protocolo, no entanto, não teve qualquer efeito prático durante a partida.



    “Todo mundo ouviu falas preconceituosas, machistas, com o Red Bull Bragantino e com as jogadoras do São Paulo. Fiz o sinal. A Federação adotou o protocolo de, em qualquer momento, de algum preconceito, fazer o sinal. Nada aconteceu. Uma situação muito triste", declarou Stella à TNT Sports.



    A volante Aline Milene complementou o relato, afirmando que também foi alvo de ameaças veladas:



    “Sofri a mesma coisa ali. Ele falou que iria dar falta quando quiser. Não é assim, tem que ter respeito."





    Clube e Federação se manifestam


    Diante da repercussão, o Red Bull Bragantino e o São Paulo Futebol Clube manifestaram solidariedade às atletas e cobraram providências. Em nota oficial, o São Paulo destacou o papel das mulheres na construção de um ambiente mais justo no futebol:



    "É com a valentia e a força de mulheres que trabalham diariamente para ganhar espaço, que reforçamos que não aceitamos conviver com machismo e ofensas no futebol feminino."



    Já a Federação Paulista de Futebol (FPF) afirmou estar conduzindo “uma apuração detalhada dos fatos”, reforçando o compromisso de manter o futebol como um espaço “seguro, inclusivo e respeitoso para todas as pessoas envolvidas”.




    A omissão da súmula oficial


    Um dos aspectos mais controversos do caso é a ausência de qualquer citação dos episódios na súmula oficial da partida. O documento, assinado pela equipe de arbitragem, não menciona ocorrências “anormais” ou condutas inadequadas.


    Na súmula, constam apenas seis cartões amarelos, sendo um deles aplicado à própria Aline Milene. Dois cartões foram justificados por uma discussão entre jogadoras no final da partida. O silêncio do documento oficial gerou ainda mais indignação entre atletas, torcedores e comentaristas.




    Futebol feminino e a luta contra o machismo estrutural


    O episódio reforça uma realidade que muitas jogadoras enfrentam diariamente: o machismo estrutural dentro e fora de campo. Mesmo com o crescimento da modalidade, com clubes investindo mais e a mídia ampliando a cobertura, as mulheres no futebol seguem enfrentando barreiras que vão além da técnica e do desempenho físico.


    Casos como o relatado por Stella e Aline evidenciam a urgência de capacitação e punição para comportamentos abusivos, especialmente entre membros da arbitragem, que têm papel central na condução ética das partidas.




    Histórico recente: avanço ou retrocesso?


    Apesar dos avanços visíveis — como o crescimento da audiência do Brasileirão Feminino e a recente vitória histórica do Brasil sobre os Estados Unidos — o futebol feminino brasileiro ainda convive com casos frequentes de discriminação.


    Um levantamento de 2023 da ONG Think Olga revelou que 76% das jogadoras já sofreram algum tipo de preconceito dentro do ambiente esportivo, sendo os principais deles relacionados ao machismo, racismo e homofobia.




    A importância do protocolo e sua aplicação


    Desde 2022, a FPF implementou um protocolo de combate ao preconceito no futebol feminino. Entre as ações previstas está o gesto em campo, realizado pelas atletas, para indicar a presença de atitudes discriminatórias.


    No entanto, como apontado pelas jogadoras do Bragantino, a falta de resposta ao sinal demonstra a fragilidade do protocolo sem ações efetivas. Especialistas defendem que o protocolo precisa de atualização e de sanções claras para garantir que episódios como esse não sejam ignorados.




    Reações do público e da mídia esportiva


    Nas redes sociais, o caso teve grande repercussão, com torcedores, jornalistas e ex-atletas expressando apoio às jogadoras. A hashtag #RespeitoNoFutebolFeminino chegou aos trending topics do X (antigo Twitter), impulsionada por movimentos feministas e páginas especializadas em futebol feminino.


    A imprensa esportiva também repercutiu o caso com destaque, especialmente veículos como TNT Sports, GE.globo e UOL Esporte, que entrevistaram especialistas sobre o impacto do machismo na arbitragem.




    O que dizem as especialistas?


    A advogada e pesquisadora de gênero no esporte, Dra. Carolina Fernandes, afirma que o episódio deve ser considerado grave:



    “A arbitragem representa a autoridade máxima dentro de campo. Quando essa autoridade age com abuso, especialmente em contextos de desigualdade histórica como o futebol feminino, isso enfraquece todo o sistema de proteção que tentamos construir.”



    Ela defende a criação de um canal independente de denúncias e a formação de árbitros com enfoque em diversidade e respeito como passos fundamentais.




    Próximos passos: o que esperar da FPF e dos clubes


    A pressão popular e institucional pode resultar em mudanças. A expectativa é que a FPF anuncie nos próximos dias as medidas tomadas após a apuração interna.


    Entre as possibilidades estão:




    • Afastamento do árbitro envolvido até o fim das investigações;




    • Atualização dos protocolos de denúncia com respostas automáticas e visibilidade em tempo real;




    • Capacitação obrigatória para árbitros e assistentes sobre igualdade de gênero e comportamento ético;




    • Criação de um comitê de equidade no futebol feminino.






    Conclusão


    O caso envolvendo Stella e Aline Milene vai além de uma partida de futebol. Ele expõe, de forma direta e dolorosa, as barreiras que mulheres enfrentam para praticar o esporte com dignidade e segurança. A resposta da sociedade e das instituições determinará se o futebol feminino brasileiro está pronto para dar um passo real rumo à igualdade.


    Para Curitiba, cidade com crescente participação no esporte feminino e destaque em competições estaduais, o episódio serve como alerta e inspiração para fortalecer iniciativas locais de respeito, inclusão e valorização das atletas.




    COMENTÁRIOS

    1

    Buscar

    Alterar Local

    Anuncie Aqui

    Escolha abaixo onde deseja anunciar.

    Efetue o Login

    Recuperar Senha

    Baixe o Nosso Aplicativo!

    Tenha todas as novidades na palma da sua mão.