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Curitiba,19/05/2025

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    Pesquisadores acusam Israel de "genocídio em tempo real" na Palestina

    Portal de Noticias de Curitiba
    Pesquisadores acusam Israel de Professor segura o livro Colonialismo Digital: Por uma crítica hacker-fanoniana, obra que discute racismo, tecnologia e opressão no mundo contemporâneo. 📷 Crédito: Foto: Divulgação/Editora Circuito



    Introdução


    Você dormiria tranquilo sob o som constante de drones? Para milhares de palestinos em Gaza, essa é uma realidade cotidiana. Em meio a um cenário de destruição, ataques aéreos e bloqueios, o sofrimento da população palestina foi tema de uma das mesas mais impactantes da CryptoRave 2024, o maior evento gratuito e aberto do mundo sobre segurança e privacidade digital, realizado em São Paulo.


    Em um dos auditórios mais lotados do evento, o professor Walter Lippold, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), declarou que estamos testemunhando o primeiro genocídio transmitido e documentado em tempo real — e, ainda assim, há um preocupante silêncio ou apatia global.




    Big techs e necrocorporações: o papel da tecnologia na violência


    Durante a palestra "Condições Sociotécnicas do Genocídio Palestino", conduzida ao lado do professor Deivison Faustino, da Universidade de São Paulo (USP), Lippold apresentou um argumento inquietante: as grandes corporações tecnológicas atuam como “necrocorporações”, ao contribuírem com estratégias de vigilância e ataque.


    Segundo os especialistas, há um uso sistemático de tecnologias de rastreamento, drones e predição algorítmica no território palestino. Lippold destacou que o terror imposto às vítimas não se limita aos bombardeios: há uma guerra psicológica sendo travada por meio da vigilância digital constante.




    Tecnologia de guerra: drones, predição e “explosões just in time”


    Um dos trechos mais marcantes da fala de Lippold foi a explicação sobre o uso da predição algorítmica, que permite identificar e atacar alvos com base em padrões de comportamento. Ele mencionou que durante o governo de Barack Obama, essa tecnologia foi amplamente utilizada para eliminar supostos “inimigos”, mesmo sem saber exatamente suas identidades.


    Hoje, tecnologias semelhantes são utilizadas nos ataques em Gaza. Casos emblemáticos, como o de uma menina de 9 anos morta no Líbano por um pager militar modelo AR-924, exemplificam a precisão letal de sistemas automatizados.


    Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), entre novembro de 2023 e abril de 2024, 70% das vítimas em Gaza eram crianças e mulheres. A maioria foi morta dentro de edifícios residenciais, o que aponta para ataques que ultrapassam alvos militares.




    O colonialismo digital e o racismo estrutural


    Lippold e Faustino também abordaram a conexão entre colonialismo, capitalismo e racismo, baseando-se no pensamento de Frantz Fanon, autor de Pele Negra, Máscaras Brancas. Para os palestrantes, a lógica de desumanização que guiava o colonialismo ainda está presente na maneira como vidas palestinas são tratadas: como vidas descartáveis.


    Faustino ressaltou que o racismo é um elemento inseparável da construção do capitalismo. Segundo ele, "a guerra não é mais localizada, ela diz respeito a todos nós" — o que se vê em Gaza não é apenas um conflito regional, mas um reflexo de uma crise estrutural global, mediada por tecnologias.




    Reação israelense e narrativa internacional


    Durante discurso no Congresso dos EUA em julho de 2024, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu respondeu às acusações de genocídio afirmando que o objetivo seria "deslegitimar o Estado de Israel e demonizar os judeus". Israel apresentou mais de 30 documentos para comprovar ações de ajuda humanitária.


    No entanto, segundo analistas e organizações internacionais, o volume de mortes civis, a destruição de infraestrutura e o cerco às áreas palestinas levantam sérias dúvidas sobre a proporcionalidade e a ética da operação militar israelense.




    Conexões com o Brasil: o papel da academia e da sociedade civil


    O Brasil não está alheio a esse debate. As contribuições de pesquisadores como Lippold e Faustino — ambos ligados a instituições públicas brasileiras — demonstram o envolvimento da academia nacional em temas globais urgentes. O evento CryptoRave, sediado em São Paulo, abre espaço para que vozes críticas, especialmente das periferias e da comunidade acadêmica negra, tragam novas leituras sobre segurança, vigilância e direitos humanos.


    A presença de estudiosos brasileiros debatendo colonialismo digital, racismo algorítmico e necropolítica tecnológica também reforça o protagonismo do país em discussões sobre justiça social e uso ético da tecnologia.




    Conclusão


    A palestra na CryptoRave não apenas denunciou os horrores da guerra, mas também conectou tecnologias atuais de vigilância a práticas históricas de dominação e extermínio. O alerta de que estamos vivendo um genocídio em tempo real — e que as ferramentas tecnológicas modernas estão sendo usadas como armas — deve ressoar globalmente.


    Para Curitiba e o Paraná, o debate é igualmente relevante. Cidades inteligentes, como Curitiba se propõe a ser, devem discutir os limites éticos do uso de dados, vigilância e inteligência artificial. A reflexão começa por reconhecer que tecnologias, quando usadas sem responsabilidade, podem deixar de ser soluções e se tornarem instrumentos de violência e opressão.




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