A tarifa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos já provoca impactos significativos na economia do Paraná. Enquanto setores estratégicos, como o aeronáutico e parte do agronegócio, foram incluídos nas exceções e seguem preservados, a indústria madeireira ficou de fora e amarga prejuízos. Nesta quarta-feira (3), a BrasPine, uma das maiores do setor no estado, anunciou a demissão de cerca de 400 funcionários em Jaguariaíva e Telêmaco Borba, além de colocar 1,1 mil trabalhadores em regime de layoff.

O que aconteceu com a BrasPine

A BrasPine, referência na fabricação de produtos à base de madeira, foi duramente atingida pelo tarifaço. Antes da medida, a empresa contava com cerca de 2,5 mil empregados no Paraná e no Sul do país. Porém, a queda brusca nos pedidos de clientes norte-americanos levou à suspensão de contratos, férias coletivas e agora às primeiras demissões em massa.

Segundo a companhia, a retração nas encomendas inviabilizou a manutenção plena das operações. Em nota, a direção afirmou manter diálogo com autoridades e entidades do setor, além de oferecer suporte para a recolocação dos profissionais desligados.

Quem se deu bem: setores incluídos nas exceções

O decreto assinado por Donald Trump trouxe uma lista de 700 exceções. Entre os segmentos poupados estão:

• Aeronáutico, que segue exportando peças e equipamentos sem a sobretaxa;

• Energético, incluindo insumos para o setor de petróleo e gás;

• Agronegócio, com destaque para soja processada, carnes especiais e produtos de alto valor agregado.

Esses setores, por serem considerados estratégicos para os EUA, mantêm competitividade e conseguem preservar empregos no Brasil.

Confira mais detalhes sobre a lista de exceções publicada pelo governo dos EUA.

Quem se deu mal: impacto no setor madeireiro paranaense

No lado oposto, a indústria da madeira, que representa cerca de 400 mil empregos diretos e indiretos no Paraná, foi fortemente prejudicada. Produtos como molduras, compensados, madeira serrada e celulose ficaram de fora da lista de exceções e agora enfrentam queda brusca na demanda.

Cidades dependentes do setor, como Jaguariaíva, Telêmaco Borba, Guarapuava, Quedas do Iguaçu, Bituruna e Ventania, já registram férias coletivas, suspensões contratuais e cortes de postos de trabalho.

Segundo a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), em 2024 o estado exportou mais de US$ 627 milhões em produtos florestais para os EUA, agora diretamente ameaçados pela tarifa.

Reação do governo e próximos passos

Para tentar conter os efeitos da crise, o governo federal anunciou um pacote de R$ 30 bilhões em crédito e flexibilização de impostos. O Paraná, por sua vez, lançou medidas semelhantes, com linhas de financiamento específicas para indústrias exportadoras.

Apesar disso, entidades como a Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada) alertam que tais ações não resolverão o problema estrutural: a perda de competitividade no mercado norte-americano.

Enquanto isso, trabalhadores afetados buscam recolocação e requalificação, amparados pelo modelo de layoff, que garante vínculo empregatício e participação em cursos de capacitação.

Conclusão

O tarifaço de Trump trouxe alívio para setores estratégicos do Brasil, mas atingiu em cheio a indústria madeireira paranaense, responsável por milhares de empregos. Sem perspectivas de exceção para o segmento, o impacto social e econômico em cidades médias e pequenas tende a se agravar nos próximos meses. O desfecho dependerá tanto das negociações comerciais entre Brasil e EUA quanto da eficácia das medidas de apoio anunciadas pelos governos.

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