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Curitiba,03/05/2025

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    Diabetes e doenças cardiovasculares: o desafio da prevenção e das novas terapias no Brasil

    Complicações cardíacas associadas ao diabetes preocupam especialistas; avanço de medicamentos inovadores e estratégias de prevenção buscam conter crescimento da doença em Curitiba, no Paraná e no país.

    Portal de Notícias de Curitiba.
    Diabetes e doenças cardiovasculares: o desafio da prevenção e das novas terapias no Brasil “Médica realiza atendimento a paciente diabético em unidade básica de saúde de Curitiba.” Crédito: Foto: Valdecir Galor / SMCS

    Imagine descobrir que a principal ameaça à saúde de quem convive com diabetes não é apenas o controle da glicose, mas sim uma combinação silenciosa de fatores que afetam o coração, o cérebro e os rins. Em Curitiba, no Paraná e em todo o Brasil, cresce o alerta para o impacto devastador das doenças cardiovasculares relacionadas ao diabetes — condição que já afeta cerca de 20 milhões de brasileiros. Segundo especialistas, as complicações cardíacas estão entre as maiores responsáveis pela mortalidade e redução da qualidade de vida desses pacientes, exigindo uma abordagem médica cada vez mais integrada, moderna e preventiva.




    O elo perigoso entre diabetes e doenças do coração


    O diabetes é frequentemente lembrado pelo descontrole da glicemia, mas a realidade vai muito além. De acordo com o cardiologista Bruno Bandeira, membro da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), a doença cria um cenário propício para o surgimento de pressão alta e colesterol elevado, formando uma espécie de “tríade do risco” para infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência renal. “O que mais preocupa não é só a glicose alta. O diabetes anda de mãos dadas com pressão elevada e colesterol alto, o que aumenta o risco de infarto, de AVC e insuficiência renal. Muita gente só descobre a doença quando já existe a complicação grave”, alerta Bandeira.


    No Paraná, levantamento do Vigitel 2023 aponta aumento da prevalência do diabetes entre adultos, refletindo a tendência nacional. Segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde, o número de internações por complicações cardíacas em pacientes diabéticos cresceu nos últimos anos, sobrecarregando hospitais e demandando maior capacitação das equipes de saúde, especialmente na atenção primária.


    Além do sofrimento dos pacientes, as complicações do diabetes representam um custo elevado ao sistema público de saúde, que precisa investir em diálise, cirurgias cardíacas e tratamentos para sequelas irreversíveis. Por isso, a prevenção e o acompanhamento rigoroso são apontados como medidas urgentes para conter o avanço dessa epidemia silenciosa.




    Novo manual para médicos: orientações práticas e foco em prevenção


    Para orientar profissionais que atuam na linha de frente do combate ao diabetes, o novo manual “Diabetes e Doença Cardiovascular”, lançado durante o 42º Congresso de Cardiologia no Rio de Janeiro, surge como uma ferramenta essencial. Editado por Bruno Bandeira e outros especialistas, o material reúne oito capítulos com instruções detalhadas sobre diagnóstico, estratificação de risco, escolha de tratamentos e acompanhamento clínico.


    “O manual foi pensado para apoiar tanto o cardiologista quanto o médico da atenção primária, que geralmente é o primeiro a identificar o risco cardiovascular em pacientes diabéticos”, explica Bandeira. Entre os destaques, estão orientações sobre como realizar avaliações clínicas eficazes, rastrear complicações cardíacas — que figuram entre as consequências mais graves do diabetes — e definir estratégias terapêuticas, sejam elas farmacológicas ou cirúrgicas.


    O conteúdo ficará disponível para todos os profissionais no site da Socerj, ampliando o acesso a informações atualizadas e alinhadas às mais recentes diretrizes internacionais.




    Inovação nos medicamentos: uma revolução silenciosa no tratamento do diabetes


    Nos últimos anos, a chegada de novas classes de medicamentos revolucionou o tratamento do diabetes, especialmente para quem convive com risco cardiovascular elevado. Entre os avanços mais relevantes, destacam-se os inibidores da SGLT2 (como empagliflozina e dapagliflozina) e os agonistas do GLP-1 (como a semaglutida), que além de controlar a glicemia, oferecem proteção ao coração e aos rins.


    “A dapagliflozina já está disponível gratuitamente pelo SUS para diabéticos acima de 65 anos, o que representa uma conquista importante, especialmente para pacientes em situação de vulnerabilidade”, comenta Bandeira. A semaglutida, por sua vez, é conhecida também pelo uso em canetas para emagrecimento, mas sua principal indicação é o controle glicêmico e a redução do risco de eventos cardiovasculares em pacientes obesos.


    Outra novidade relevante chegou ao Brasil em março de 2025, com a aprovação da Awiqli, primeira insulina semanal para tratamento dos tipos 1 e 2. A nova formulação pode facilitar a adesão dos pacientes ao tratamento, reduzindo o número de aplicações e melhorando a qualidade de vida. Em Curitiba, especialistas comemoram a novidade, destacando o potencial para reduzir internações e complicações de longo prazo.




    Desafios de saúde pública: crescimento dos casos e barreiras no acesso ao tratamento


    Apesar dos avanços, o Brasil ainda enfrenta grandes obstáculos na luta contra o diabetes. Segundo Saulo Cavalcanti, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a doença permanece como um dos maiores desafios de saúde pública. “Uma pessoa morre a cada sete segundos no mundo por complicações causadas pelo diabetes”, alerta.


    A prevalência nacional saltou de 9,1% em 2021 para 10,2% em 2023, com destaque para o aumento entre mulheres. No Paraná, os dados do Ministério da Saúde indicam um crescimento proporcional, reforçando a necessidade de campanhas de conscientização e diagnóstico precoce. Em Curitiba, iniciativas municipais vêm buscando ampliar o acesso ao teste rápido, acompanhamento multidisciplinar e distribuição de medicamentos, mas ainda há gargalos em relação à adesão dos pacientes e ao acompanhamento de casos mais complexos.


    Entre as principais dificuldades relatadas por profissionais de saúde de Curitiba estão a baixa adesão ao tratamento contínuo, os custos de medicamentos inovadores e a desinformação sobre a gravidade das complicações. Aproximadamente 45% dos pacientes com diabetes tipo 2 desconhecem o diagnóstico e só procuram atendimento quando a doença já está avançada.




    Diabetes em números: panorama no Paraná e no Brasil




    • 20 milhões de brasileiros convivem com diabetes, segundo o Vigitel 2023




    • No Paraná, a taxa de prevalência segue a média nacional, impactando a saúde pública local




    • O diabetes tipo 1 responde por cerca de 8% dos casos, enquanto o tipo 2 atinge 90% dos diagnósticos




    • As mulheres apresentam maior incidência (11,1%) em relação aos homens (9,1%)




    • Apenas 45% dos diabéticos tipo 2 sabem da sua condição e buscam tratamento adequado






    Conclusão


    O avanço do diabetes e suas complicações cardiovasculares impõe desafios crescentes à saúde pública de Curitiba, do Paraná e de todo o Brasil. Apesar do progresso no desenvolvimento de medicamentos inovadores, o sucesso no combate à doença depende da união entre diagnóstico precoce, acesso facilitado ao tratamento e promoção de hábitos saudáveis. Investir em prevenção, educação e cuidado integral é fundamental para garantir mais qualidade de vida aos pacientes e reduzir o impacto da doença sobre o sistema de saúde brasileiro. Para os moradores de Curitiba, a busca por atendimento rápido e a adesão ao acompanhamento médico são caminhos essenciais para evitar complicações graves e garantir uma vida longa e saudável.




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