Adolescente dirige Mercedes do pai e atropela ciclista em Maringá
Caso levanta alerta sobre responsabilidade dos pais e segurança no trânsito; vítima fazia ação solidária no momento do acidente

Uma noite marcada por imprudência e consequências que poderiam ter sido fatais. Em Maringá, norte do Paraná, um adolescente de 16 anos pegou o carro de luxo do pai e causou um grave acidente. O jovem atropelou um ciclista de 65 anos, conhecido na cidade por ações solidárias, enquanto este realizava entregas de marmitas para pessoas em situação de rua. O caso reacende o debate sobre a responsabilidade familiar no trânsito e os riscos de direção não autorizada por menores.
Entenda o caso: atropelamento e colisões em sequência
Segundo a Polícia Militar do Paraná (PM-PR), o acidente ocorreu na noite da última terça-feira (29), no centro de Maringá. O adolescente conduzia uma Mercedes-Benz, acompanhado de dois amigos, quando perdeu o controle do veículo nas proximidades de um semáforo. O carro atropelou o ciclista e, em seguida, colidiu com outros dois automóveis, um deles tombando com o impacto.
Imagens registradas no local mostram a destruição na parte frontal da Mercedes e um dos veículos atingidos virado lateralmente na via.
Vítima fazia entrega solidária no momento do acidente
A vítima, de 65 anos, foi identificada como um membro ativo de uma igreja evangélica da cidade. Ele se dedicava a ações sociais e, no momento do atropelamento, fazia a entrega de marmitas para moradores em situação de vulnerabilidade.
O ciclista foi socorrido e levado ao Hospital Universitário de Maringá com traumatismo craniano e ferimentos na perna. Apesar da gravidade, seu estado de saúde é estável e ele não corre risco de morte.
Reincidência e falha parental: “não foi a primeira vez”, diz PM
De acordo com relatos de testemunhas à polícia, essa não teria sido a primeira vez que o jovem dirigia o carro do pai. A tenente Letícia Donadelo, da PM, afirmou que havia um padrão de comportamento permissivo por parte dos responsáveis.
"Pelo o que as pessoas relataram, existe o hábito do pai de permitir que o filho use o veículo. Dessa vez, ele buscou os colegas para dar uma volta pela cidade. É fundamental a colaboração dos pais para que isso não aconteça. Por sorte, esse ciclista não morreu, mas poderia ter sido um caso muito mais grave", disse a tenente.
Investigação: Polícia Civil apura responsabilidades
A Polícia Civil do Paraná (PC-PR) já instaurou procedimento para apurar o ato infracional. Segundo o delegado Luiz Henrique Vicentini, tanto o adolescente quanto os pais serão ouvidos durante o processo.
As medidas podem incluir:
Ato infracional por lesão corporal culposa no trânsito;
Direção perigosa;
Responsabilização dos pais por permitir direção por pessoa não habilitada, o que configura crime.
“Estamos ouvindo os envolvidos e os pais. A investigação vai apurar a extensão da responsabilidade de todos, especialmente dos responsáveis legais do jovem”, afirmou o delegado.
Consequências legais e sociais
O Código de Trânsito Brasileiro é claro ao estipular que entregar um veículo a pessoa sem habilitação é infração gravíssima e crime previsto no artigo 310 do CTB. Os pais podem ser enquadrados por omissão dolosa e culpa concorrente em caso de danos causados.
Especialistas também alertam que, para além da responsabilização criminal, o caso expõe uma falha educacional e ética que pode refletir negativamente na formação de valores entre os jovens.
Casos similares e debate público
Infelizmente, esse não é um caso isolado no Brasil. Casos de menores dirigindo veículos de luxo sem autorização têm sido noticiados em várias cidades do país. Muitos envolvem permissividade familiar, ostentação nas redes sociais e descaso com as normas de trânsito.
Em 2023, por exemplo, Curitiba registrou dois casos semelhantes com repercussão nacional, levando o Detran-PR a intensificar campanhas educativas sobre os riscos da direção precoce.
Ação solidária interrompida: impacto na comunidade
O atropelado é figura conhecida em sua igreja e na região central de Maringá. A entrega de marmitas era parte de uma campanha independente, organizada por ele e outros voluntários. Após o acidente, membros da comunidade se mobilizaram para retomar as entregas e prestar homenagens ao voluntário.
Conclusão
O caso ocorrido em Maringá serve de alerta não apenas sobre a condução de veículos por menores de idade, mas sobre a responsabilidade direta dos pais e o impacto de ações inconsequentes. Por pouco, a tragédia não foi maior.
Enquanto o ciclista se recupera, a sociedade local se pergunta como evitar que situações como essa se repitam — e qual o papel de cada um na educação e prevenção de acidentes no trânsito.
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