Uma história de amor interrompida tragicamente em segundos. Bruna Paiva da Silva, de apenas 26 anos, morreu na garupa da moto conduzida pelo marido, ao ser atingida por uma caminhonete que invadiu a contramão, em Araçatuba (SP). O condutor do veículo apresentava sinais de embriaguez e foi preso. O caso comoveu moradores da cidade e reacende o alerta sobre a combinação fatal entre álcool e direção — uma realidade que também preocupa autoridades e famílias no Paraná.

Acidente chocante na zona rural de Araçatuba

O acidente ocorreu na noite do último domingo (27), na Estrada Municipal Caram Rezek, em uma área rural de Araçatuba. Bruna e seu marido, Reinaldo Luciano Faria Júnior, professor de educação física de 27 anos, retornavam para casa após uma confraternização entre amigos. A chuva fina e a pouca iluminação tornaram o percurso mais delicado, e Reinaldo reduziu a velocidade para garantir segurança na condução da motocicleta.

No entanto, a prudência do casal foi anulada pela imprudência de um terceiro. Uma caminhonete, que trafegava em alta velocidade e na contramão, colidiu violentamente contra a moto. O impacto foi tão forte que Bruna foi arremessada da garupa e morreu no local.

Amor interrompido: uma década de história juntos

Reinaldo e Bruna se conheciam desde os tempos de escola e estavam juntos há mais de 10 anos. Em entrevista emocionada ao g1, ele relatou os momentos de desespero logo após a colisão:

“Depois disso, só lembro do grito da minha esposa e de acordar caído no chão. Quando falaram que ela estava morta, entendi que ela não estava mais comigo. Só havia o corpo do meu lado. Eu não tive coragem de olhar para o rosto dela”, disse o professor, ainda internado.

Estado de saúde de Reinaldo e atendimento médico

Com múltiplas fraturas — tíbia, fíbula e fêmur da perna esquerda — Reinaldo foi levado às pressas para a Santa Casa de Araçatuba, onde passou por cirurgias e permanece internado. O membro inferior está imobilizado com uma gaiola ortopédica, e ele será reavaliado nos próximos dias por especialistas em ortopedia.

Além do atendimento clínico, Reinaldo está recebendo apoio psicológico hospitalar.

“A dor no corpo é grande, mas nada se compara à dor mental. Foram 10 anos juntos. Todo dia acordando e dormindo com ela ao meu lado. Agora ela não está mais comigo”, desabafou.

Motorista da caminhonete estava embriagado

De acordo com o boletim de ocorrência, o motorista da caminhonete também ficou ferido e foi encaminhado à Santa Casa sob escolta policial. Durante os exames médicos, foi constatado que ele estava sob efeito de álcool. O condutor se recusou a fazer o teste do bafômetro e não colaborou com informações sobre o acidente.

Após receber alta médica na segunda-feira (28), ele foi encaminhado para o sistema prisional da região.

O caso foi registrado como homicídio culposo e lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, ambas infrações previstas no Código de Trânsito Brasileiro.

Consequências e comoção na cidade

A morte de Bruna causou grande comoção em Araçatuba. Familiares, amigos e ex-alunos de Reinaldo usaram as redes sociais para prestar homenagens e cobrar justiça. “Ela era muito alegre, querida por todos. A dor é imensa”, escreveu uma amiga próxima da jovem.

Em um país onde o número de acidentes envolvendo motoristas alcoolizados ainda é alarmante, o episódio reforça a necessidade de ações mais rigorosas de fiscalização, campanhas educativas e punições severas.

No Paraná, o Detran tem intensificado operações de lei seca, especialmente nos finais de semana e feriados prolongados. Curitiba, por exemplo, registrou aumento de 18% nas autuações por embriaguez ao volante em 2024, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública.

Reflexões e próximos passos

Casos como o de Bruna e Reinaldo evidenciam a urgência de uma conscientização coletiva: dirigir sob efeito de álcool é crime e pode destruir vidas. O impacto psicológico nas vítimas sobreviventes, como Reinaldo, também precisa ser encarado como parte do luto e da reabilitação.

Para os moradores de Curitiba e do Paraná, a história do casal serve como um chamado à responsabilidade no trânsito — seja como condutores ou como cidadãos que denunciam comportamentos perigosos.