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Curitiba,14/05/2025

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    Lula pressiona por acordo de paz entre Putin e Zelensky em Istambul

    Durante visita oficial à China, presidente brasileiro reforça seu papel como mediador na guerra Rússia-Ucrânia e cobra atuação dos EUA também na crise em Gaza.

    Agência Brasil
    Lula pressiona por acordo de paz entre Putin e Zelensky em Istambul Presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante discurso em evento oficial em Moscou. Créditos da Foto: REUTERS / Maxim Shemetov

    Lula propõe diálogo direto entre Rússia e Ucrânia para encerrar guerra


    Durante uma entrevista à imprensa em Pequim, na noite da última quarta-feira (13), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que entrará em contato com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, para incentivá-lo a retomar as negociações com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. A iniciativa busca promover uma solução pacífica para o conflito que já ultrapassa dois anos e gerou consequências humanitárias e econômicas globais.


    A declaração foi feita após dias de intensas agendas internacionais do presidente brasileiro, que esteve recentemente em Moscou e Pequim, reunindo-se com lideranças mundiais em busca de apoio a um plano de paz. Segundo Lula, “não é preciso discutir os motivos da guerra, mas sim encontrar o motivo da paz”.




    Proposta de trégua: negociações em Istambul


    Lula revelou que recebeu um pedido direto do chanceler ucraniano, por meio do ministro brasileiro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. O governo ucraniano teria solicitado que Lula intercedesse junto a Putin para avaliar a possibilidade de uma trégua de 30 dias, como gesto inicial para a retomada das negociações.



    “Tive a oportunidade de jantar ao lado do Putin e foi a primeira coisa que perguntei. E o Putin disse textualmente que 'eu topo discutir isso a partir do acordo que estávamos fazendo em Istambul, em 2022’”, disse Lula.



    A referência é às conversas realizadas no início de 2022 em Istambul, mediadas pela Turquia, que chegaram a esboçar uma saída diplomática, mas foram interrompidas sem consenso final.




    Reação de Zelensky e sinalização de Trump


    No último domingo (11), Zelensky se mostrou aberto a dialogar com Putin, desde que o encontro ocorra em Istambul, local neutro e já tradicional mediador entre os dois países. O gesto foi considerado por Lula como um sinal de esperança e um indicativo de que a solução pacífica ainda é possível.


    De forma surpreendente, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também manifestou apoio à reabertura das negociações, fato que Lula valorizou:



    “Com toda a divergência que eu possa ter com Trump e ele comigo, acho que a decisão dele sobre a guerra [na Ucrânia] foi importante. [...] O Trump veio e falou que é preciso paz, fazer parar essa guerra”, comentou.





    Xi Jinping e Lula: aliança pela diplomacia global


    A visita de Lula à China não se restringiu apenas a acordos comerciais. O tema da guerra foi abordado com destaque durante o encontro com o presidente chinês, Xi Jinping. Ambos assinaram uma nota conjunta elogiando a disposição de Putin e Zelensky em retomar o diálogo.


    Segundo Lula, a guerra só poderá ser encerrada por meio da política:



    “Somente os dois [Rússia e Ucrânia] podem encontrar uma solução. [...] Parabenizamos tanto a proposta do Putin quanto a aceitação do Zelensky, na possibilidade que juntem em Istambul e, ao invés de trocar tiro, trocar palavra”.





    Guerra na Faixa de Gaza: Lula pede coerência dos EUA


    Além da guerra no leste europeu, Lula voltou a criticar duramente a atuação de Israel na Faixa de Gaza. Em suas palavras, o que ocorre na região não é um conflito entre dois exércitos, mas sim “um genocídio contra mulheres e crianças”.


    Durante a entrevista em Pequim, o presidente brasileiro foi incisivo ao pedir que os Estados Unidos tenham o mesmo empenho pela paz na Palestina quanto demonstraram em relação à Ucrânia:



    “Eu espero que [Trump] possa terminar o genocídio na Faixa de Gaza. Aquilo não é uma guerra, é um genocídio”.



    A crítica foi também direcionada ao ex-presidente Joe Biden, acusado por Lula de adotar uma retórica agressiva que pouco contribuiu para encerrar o conflito russo-ucraniano.




    O papel do Brasil como mediador internacional


    O Brasil, sob a liderança de Lula, vem buscando uma posição de protagonismo diplomático em fóruns multilaterais. Ao assumir o papel de ponte entre países em conflito, Lula tenta reposicionar o Brasil como um ator global capaz de dialogar com potências ocidentais e orientais.


    Na prática, essa estratégia se apoia em:




    • Neutralidade histórica do Brasil em grandes conflitos armados.




    • Boa relação diplomática com países como Rússia, China, Ucrânia, Estados Unidos e Turquia.




    • Atuação destacada no G20 e BRICS, fóruns nos quais o Brasil pretende liderar propostas pela paz.






    Desafios à mediação brasileira


    Apesar das intenções diplomáticas, especialistas alertam para a complexidade do cenário. A desconfiança entre Rússia e Ucrânia permanece elevada, e qualquer avanço exige concessões políticas profundas. Além disso, o envolvimento direto de potências como os Estados Unidos e a União Europeia pode limitar a influência do Brasil.


    Por outro lado, o prestígio pessoal de Lula no cenário internacional — especialmente em países do Sul Global — pode contribuir para destravar canais de comunicação que estão congelados há meses.




    Conclusão: o Brasil como voz da paz no cenário global


    A declaração de Lula em Pequim reforça sua postura em favor do multilateralismo e da resolução pacífica dos conflitos. Ao propor uma nova rodada de negociações em Istambul, o presidente brasileiro se apresenta como uma liderança disposta a mediar, ouvir e propor alternativas viáveis à guerra.


    O papel do Brasil como articulador da paz pode se consolidar nos próximos meses, especialmente se os sinais positivos de Putin e Zelensky se concretizarem em um encontro direto. Além disso, a defesa de um cessar-fogo na Faixa de Gaza demonstra que a política externa brasileira busca equilíbrio e coerência ao tratar crises internacionais.


    A movimentação do governo brasileiro é uma tentativa concreta de reposicionar o país como agente diplomático ativo e confiável, e não apenas espectador passivo das grandes decisões globais.






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