Seja bem-vindo
Curitiba,08/06/2025

    • A +
    • A -
    Publicidade

    Reino Unido rompe tradição e apoia plano de autonomia do Marrocos para o Saara Ocidental

    O Reino Unido surpreende ao abandonar neutralidade histórica no conflito do Saara Ocidental e se alinhar ao plano marroquino, em movimento que envolve bilhões em investimentos e reacende tensões diplomáticas no norte da África.

    Portal de Noticias de Curitiba
    Reino Unido rompe tradição e apoia plano de autonomia do Marrocos para o Saara Ocidental Manifestantes brasileiros protestam em apoio à independência do Saara Ocidental, com faixas e bandeiras da República Árabe Saaraui Democrática (RASD), durante ato público contra a ocupação marroquina. Créditos: Foto: ASARAUI / Divulgação

    Mudança geopolítica histórica com impacto direto no Magreb


    Durante visita oficial a Rabat, no último domingo (1º), o novo chanceler britânico, David Lammy, anunciou que o Reino Unido passa a apoiar o plano de autonomia limitada proposto pelo Marrocos para o território do Saara Ocidental. A decisão marca uma reviravolta na postura britânica, que por décadas defendeu a realização de um referendo de autodeterminação sob supervisão da ONU – uma proposta que nunca saiu do papel desde 1991.


    A mudança aproxima o Reino Unido da posição de países como Estados Unidos, França, Alemanha e Espanha, que nos últimos anos abandonaram a neutralidade e passaram a apoiar a proposta marroquina. O gesto acontece em sincronia com planos de grandes investimentos em infraestrutura no Marrocos, país que, ao lado de Espanha e Portugal, sediará a Copa do Mundo de 2030.


    Investimentos bilionários e interesses britânicos


    Segundo o comunicado britânico, o novo alinhamento diplomático vem acompanhado de uma promessa de 33 bilhões de euros em compras públicas para empresas do Reino Unido nos próximos três anos, majoritariamente em obras e serviços relacionados à Copa do Mundo. A decisão sugere que interesses comerciais e estratégicos pesaram na guinada da política externa britânica.


    Reação da Argélia e tensão com a Frente Polisário


    A Argélia, país vizinho que abriga refugiados do Saara Ocidental e apoia a independência da região, reagiu com severas críticas à nova posição britânica. Em comunicado, a chancelaria argelina declarou que o plano marroquino “nunca foi levado a sério” e alertou que a decisão de Londres não equivale a um reconhecimento formal da soberania marroquina.



    “O plano não foi submetido ao povo saarauí nem reconhecido como solução legítima pela ONU”, afirmou o governo argelino.



    A Frente Polisário, grupo armado que luta pela independência da região desde os anos 1970, também não reconhece o plano de autonomia, e acusa o Marrocos de manter uma ocupação ilegal sobre o último território africano ainda considerado “não autônomo” pelas Nações Unidas.


    Histórico do conflito: cinco décadas de disputa e estagnação diplomática


    O Saara Ocidental, com cerca de 266 mil km² e 600 mil habitantes, vive um impasse desde a retirada da Espanha, sua potência colonial, em 1976. Na ocasião, o Marrocos ocupou o território, e a Frente Polisário proclamou a República Árabe Saarauí Democrática (RASD), reconhecida por dezenas de países e pela União Africana.


    Um cessar-fogo intermediado pela ONU em 1991 previa a realização de um referendo sobre a autodeterminação da região, mas o processo foi paralisado por divergências quanto às regras e ao eleitorado.




    Região disputada do Saara Ocidental: o muro marroquino (linha vermelha) isola parte do território – Fonte: Wikimedia Commons


    Desde 2020, após uma operação militar marroquina romper o frágil cessar-fogo, a Frente Polisário retomou ataques contra posições marroquinas, especialmente ao longo do muro de areia de 2.700 km que divide o território.


    A ONU estima que mais de 173 mil refugiados vivem em campos na Argélia, em condições precárias, aguardando uma solução política para o impasse.




    Cresce a tendência internacional de apoio ao plano marroquino




    • 2020: EUA reconhecem a soberania marroquina em troca de acordo com Israel (Acordos de Abraão)




    • 2022: Espanha apoia o plano de autonomia




    • 2023: Alemanha adota posição favorável




    • 2024: França se alinha à proposta de autonomia




    • 2025: Reino Unido se junta ao bloco de apoio




    📎 Leia mais sobre a posição da ONU e o impasse do referendo




    Conclusão: pragmatismo geopolítico versus autodeterminação


    A adesão britânica ao plano marroquino reflete uma nova fase do conflito: o enfraquecimento da via referendária e o fortalecimento de soluções pragmáticas com respaldo econômico. No entanto, a ausência de consulta ao povo saarauí mantém viva a denúncia de colonialismo e gera novos focos de tensão no norte da África.


    Quer entender mais sobre conflitos internacionais e seus impactos regionais? Siga nosso canal e receba reportagens especiais direto de Curitiba para o mundo.




    COMENTÁRIOS

    1

    Buscar

    Alterar Local

    Anuncie Aqui

    Escolha abaixo onde deseja anunciar.

    Efetue o Login

    Recuperar Senha

    Baixe o Nosso Aplicativo!

    Tenha todas as novidades na palma da sua mão.