Governos do RJ e federal discutem formas de reduzir entrada de armas
Reunião entre secretários definiu ampliação da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado e novas medidas de cooperação entre União e Estado.
Moradores do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, erguem bandeira branca em sinal de paz após dias de confrontos durante operações policiais. — Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil / Divulgação. Secretários de Segurança do Rio e do governo federal definem ações conjuntas para reduzir entrada de armas e ampliar força de combate ao crime organizado após operação com 121 mortos.
Reunião marca nova fase da integração entre forças de segurança
O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor dos Santos, e o secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, se reuniram nesta terça-feira (4), no Rio de Janeiro, para discutir medidas de contenção da entrada de armas no estado e reforço da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Fico).
O encontro marcou a primeira reunião presencial do Escritório Emergencial de Combate ao Crime Organizado, criado para coordenar ações conjuntas entre forças estaduais e federais. O objetivo é enfrentar facções criminosas que atuam em diferentes regiões do país e fortalecer a presença do Estado em áreas dominadas pelo tráfico.
Reunião ocorre após operação mais letal do estado
A reunião aconteceu uma semana após a Operação Contenção, considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, com 121 mortos — sendo 117 civis e quatro policiais — nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte da capital. A ação, voltada contra o Comando Vermelho, resultou também em 113 prisões, entre flagrantes e mandados cumpridos.
Diante do impacto da operação, a criação do escritório busca aperfeiçoar a coordenação entre forças públicas, aumentar a transparência das ações e garantir respostas articuladas e preventivas à criminalidade.
“Tratamos de temas essenciais para o Rio de Janeiro e já temos outras reuniões programadas. Foi criado um grupo técnico para garantir que todas as ações ocorram de forma ágil e eficiente”, afirmou o secretário Victor dos Santos.
“O enfrentamento precisa ser nacional”, diz Sarrubbo
O secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, destacou que o tráfico de armas e drogas no Rio não é um problema isolado, mas parte de uma rede criminosa interestadual e internacional.
“A entrada de armas no Rio de Janeiro vem de vários pontos do país e do exterior. É necessário o envolvimento de toda a nação. Vamos chamar o Brasil para este diálogo”, declarou Sarrubbo.
“Teremos respostas eficientes e desestruturantes para a criminalidade”, completou.
Segundo o Ministério da Justiça, as reuniões do escritório emergencial continuarão de forma virtual duas vezes por semana, permitindo monitoramento contínuo e acompanhamento dos resultados em tempo real.
Combate ao crime e retomada de territórios
Também foram debatidos mecanismos de financiamento para operações conjuntas e o avanço do Plano de Retomada de Território, lançado para reestabelecer a presença do Estado em comunidades sob domínio de facções criminosas — em cumprimento à determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na semana passada, o governador Cláudio Castro reforçou que a iniciativa busca transformar o modelo de segurança pública no estado, com apoio direto do governo federal.
“O Rio pode vencer batalhas sozinho, mas não a guerra. O enfrentamento ao crime organizado precisa ser nacional, porque esses grupos atuam em todo o país. Essa parceria com o governo federal é fundamental para proteger a população”, disse Castro ao lado do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
Força Integrada ganhará novos analistas
A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Fico), que atua com agentes da Polícia Civil, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Forças Armadas, passará a contar com novos analistas para ampliar sua capacidade operacional e de inteligência.
O reforço permitirá investigações mais rápidas e ações coordenadas de apreensão de armas e desmantelamento de quadrilhas que atuam em portos, fronteiras e rodovias federais.
Pergunta para o leitor:
Você acredita que o combate ao crime no Rio precisa de uma ação nacional permanente entre estados e União?




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