Proporção de famílias de casal sem filhos quase dobra em 22 anos
IBGE aponta que lares formados apenas por casais passaram de 14,9% em 2000 para 26,9% em 2022; mudanças refletem novos papéis sociais e envelhecimento da população.
Casais sem filhos já representam mais de um quarto das famílias brasileiras, segundo o Censo 2022. — Foto: Agência Brasil / Divulgação. Censo 2022 mostra que famílias com casais sem filhos cresceram e já somam 26,9% dos lares no Brasil, enquanto casais com filhos caíram para menos da metade.
Estrutura familiar muda e reflete transformações sociais no país
O Brasil vive uma transformação silenciosa dentro de casa. Em duas décadas, o número de famílias formadas por casais sem filhos praticamente dobrou, segundo dados do suplemento Nupcialidade e Família do Censo 2022, divulgado nesta quarta-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o levantamento, 14,9% dos lares brasileiros tinham casais sem filhos em 2000. Em 2022, esse percentual subiu para 26,9%.
O grupo inclui tanto os lares em que vivem apenas os dois cônjuges quanto os que abrigam casais com algum parente que não seja filho.
Fatores que explicam a mudança
Segundo o IBGE, a mudança reflete novos papéis sociais, a maior participação das mulheres no mercado de trabalho, a queda nas taxas de fecundidade e o envelhecimento da população.
“Maior participação da mulher no mercado de trabalho, baixas taxas de fecundidade e o envelhecimento da população influenciaram no aumento do percentual de casais sem filhos”, explica o estudo.
Esses fatores estão moldando uma nova configuração familiar no país, marcada por mais autonomia individual e novas formas de relacionamento.
Casais com filhos já são menos da metade
No sentido oposto, pela primeira vez desde 2000, o percentual de casais com filhos caiu para menos da metade das 61,2 milhões de famílias identificadas no país.
Em 2000, casais com filhos representavam 63,6% dos lares;
Em 2010, 54,9%;
E no Censo 2022, 45,4%.
O levantamento também identificou outras composições familiares, como:
13,5% formadas por mulheres sem cônjuge com filhos;
3,8% formadas por mulher sem cônjuge com filhos e parentes;
2% formadas por homem sem cônjuge com filhos;
0,6% formadas por homem sem cônjuge com filhos e parentes.
O IBGE lembra que o levantamento considera como família apenas pessoas com laços de parentesco que vivem sob o mesmo teto — portanto, não inclui moradores que compartilham um imóvel sem vínculo familiar, como estudantes ou colegas de república.
Mais pessoas morando sozinhas
Outro destaque do Censo 2022 é o crescimento expressivo dos lares unipessoais, aqueles com apenas um morador.
O percentual subiu de 12,2% em 2010 para 19,1% em 2022 — ou seja, um em cada cinco domicílios brasileiros tem apenas uma pessoa.
O número de pessoas morando sozinhas saltou de 4,1 milhões para 13,6 milhões em 12 anos.
Apesar do aumento, a taxa brasileira ainda é inferior à de países europeus como Finlândia (45,3%), Alemanha (41,1%), França (37,7%) e Dinamarca (37,5%).
O estudo mostra equilíbrio entre homens (6,84 milhões) e mulheres (6,78 milhões) vivendo sozinhos. No entanto, há diferença por faixa etária: até os 54 anos, os homens são maioria; acima dos 60, predominam as mulheres.
“Mulheres são mais longevas”, explicou o pesquisador do IBGE Márcio Mitsuo Minamiguchi, lembrando que os homens tendem a permanecer em união conjugal por mais tempo nessas idades.
Reflexão final
As novas configurações familiares reveladas pelo Censo 2022 mostram que o Brasil está mudando dentro de casa — e que as relações afetivas, sociais e econômicas acompanham essa transformação.
Com mais casais sem filhos e mais pessoas morando sozinhas, o país redefine o conceito de família, refletindo novas escolhas e formas de viver.
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