Brasil discute tarifas com EUA em meio à busca por investimentos em tecnologia
Em Los Angeles, Fernando Haddad se reúne com secretário do Tesouro norte-americano e agenda encontros com gigantes como Google, Nvidia e Amazon.

Um encontro inesperado no coração da Califórnia
Em meio à tensão causada pela guerra tarifária entre Estados Unidos e Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu neste domingo (4) com Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA. O encontro, realizado em Los Angeles, ocorreu fora da agenda oficial e marcou o primeiro diálogo presencial entre os dois desde a posse de Donald Trump, em janeiro.
A visita do ministro faz parte de uma missão internacional para atrair investimentos em centros de dados e inteligência artificial, reforçando o posicionamento do Brasil como polo de tecnologia verde e inovação na América Latina.
Guerra tarifária: pano de fundo do encontro
Desde março, o governo norte-americano impôs sobretaxas de 10% para produtos brasileiros e 25% sobre aço e alumínio, acirrando a disputa comercial. Embora a negociação dessas tarifas esteja sob responsabilidade do vice-presidente Geraldo Alckmin, Haddad afirmou que temas econômicos mais amplos foram abordados no encontro com Bessent.
“Podemos até falar, mas quem conduz a negociação de tarifa é o vice-presidente. Temos muitos assuntos da agenda da Fazenda para tratar”, afirmou Haddad.
O ministro destacou a importância de manter canais de diálogo abertos, especialmente em temas como política fiscal, investimentos e financiamento climático — pautas que também interessam ao Tesouro norte-americano.
Curitiba e o Paraná no radar tecnológico global
A proposta brasileira apresentada por Haddad tem como foco atrair grandes empresas para investir em infraestrutura digital, como data centers e soluções em inteligência artificial, com ênfase em regiões com potencial energético renovável — cenário no qual o Paraná e cidades como Curitiba se destacam.
O estado é referência nacional em energia hidrelétrica e biomassa, fatores que podem pesar na decisão de gigantes tecnológicas interessadas em operações sustentáveis.
Investidores internacionais e encontros estratégicos
Durante sua estadia na Califórnia, Haddad participou de um jantar com investidores promovido pelo Instituto Milken, referência em eventos econômicos de alto nível. Nesta segunda-feira (5), o ministro participa de dois painéis na conferência anual do instituto, apresentando a estratégia brasileira de atração de investimentos no setor tecnológico.
Outros encontros de destaque na agenda:
Reunião com a CFO do Google, Ruth Porat, sobre oportunidades no Brasil;
Encontro com Jensen Huang, CEO da Nvidia, em San José;
Diálogo com executivos da Amazon, na terça-feira (6);
Participação em café da manhã com empresários promovido pela Amcham Brasil.
Proposta de desoneração fiscal para tecnologia
Além da busca por investimentos diretos, Haddad apresentou uma proposta que será enviada ao Congresso Nacional: desoneração tributária para bens de capital ligados à tecnologia da informação. A medida visa facilitar a instalação de data centers e aumentar a competitividade do Brasil no setor.
O ministro também tem reforçado a liderança brasileira em energias renováveis como um diferencial competitivo na corrida global por soluções sustentáveis em tecnologia.
Etapa final no México: laços regionais reforçados
Após cumprir sua agenda na Califórnia, Haddad segue para o México, onde o foco será o fortalecimento das relações econômicas bilaterais. No país vizinho, o ministro terá reuniões com empresários brasileiros, multinacionais e com o secretário do Tesouro e Crédito Público mexicano, Edgar Zamorra.
O encerramento da viagem, na quarta-feira (7), terá como destaque um café da manhã com profissionais brasileiros que atuam em empresas mexicanas, reforçando a integração comercial e de talentos entre os dois países.
Reflexões e próximos passos
A viagem de Haddad demonstra a tentativa do Brasil de se reposicionar no cenário internacional como destino estratégico para investimentos em tecnologia, infraestrutura digital e energia limpa. Em meio às tensões comerciais com os EUA, a diplomacia econômica se torna fundamental para garantir espaço ao país nas cadeias globais de valor.
Curitiba e o Paraná têm papel de destaque nesse cenário, podendo se tornar hubs regionais de inovação e tecnologia — desde que os planos avancem no Congresso e os investimentos se concretizem.
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