Estado não pode ser matador, tem que mediar, diz governador da Bahia
Jerônimo Rodrigues afirmou que o Estado deve agir com firmeza contra o crime organizado, mas sem violar direitos humanos
Governador da Bahia durante coletiva sobre investimentos em segurança pública. — Foto: Mateus Pereira / GOV-BA / Divulgação Após operação que prendeu 35 suspeitos do Comando Vermelho, governador da Bahia defende combate firme ao crime, mas sem abusos ou violações de direitos.
“O Estado não pode ser matador”, diz Jerônimo Rodrigues
Durante o anúncio de novos investimentos na área de segurança pública, nesta terça-feira (4), o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), afirmou que o Estado deve enfrentar o crime organizado com firmeza, mas sem cometer abusos ou violações de direitos humanos.
“O Estado não pode ser um Estado matador. Não pode. Não é o Estado que tem que fazer isto. O Estado tem que mediar”, declarou Rodrigues, ao comentar a Operação Contenção, deflagrada pela polícia do Rio de Janeiro no último dia 28 e considerada a mais letal da história, com 121 mortos, incluindo quatro policiais.
Operação Freedom prende 35 suspeitos na Bahia
Na mesma data, a Polícia Civil da Bahia, com apoio das Polícias Militar, Federal e Civil do Ceará, realizou a Operação Freedom, que resultou na prisão de 35 pessoas suspeitas de integrar o Comando Vermelho.
Durante a ação, um homem morreu em confronto no bairro do Uruguai, na Cidade Baixa de Salvador. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), ele não estava entre os alvos dos 90 mandados judiciais cumpridos, mas possuía antecedentes criminais e teria reagido a tiros ao ser abordado.
A morte provocou protestos no bairro, com moradores erguendo barricadas e bloqueando vias próximas ao Viaduto dos Motoristas e à Rua Luiz Régis Pacheco. Policiais militares e bombeiros foram acionados e reforçaram o patrulhamento na região após conter os manifestantes.
Núcleo financeiro e armado do Comando Vermelho foi desarticulado
De acordo com a SSP-BA, a Operação Freedom teve como foco desmantelar o núcleo armado e financeiro da facção criminosa. Entre os presos está um casal apontado como líder das ações do Comando Vermelho na Bahia, detido na cidade de Eusébio (CE), na região metropolitana de Fortaleza.
O homem seria o responsável pelo tráfico de drogas e ataques a grupos rivais, enquanto a mulher cuidava das finanças da organização. A Justiça determinou o bloqueio de até R$ 1 milhão em 51 contas bancárias ligadas aos investigados.
Segundo o delegado-geral da Polícia Civil, André Viana, a operação atingiu o objetivo sem ferir inocentes.
“Esta operação tem um viés de asfixia financeira e de apreensão de recursos da organização. Futuramente, estes valores poderão ser utilizados no enfrentamento à criminalidade”, afirmou.
Estratégia baseada em inteligência e preservação da vida
O secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia, Felipe Freitas, destacou que a ação é um exemplo do uso da inteligência policial como ferramenta principal de enfrentamento ao crime, sem recorrer ao confronto direto como primeira alternativa.
“Este é um exemplo concreto da nova doutrina de segurança pública que tem a preservação da vida como prioridade máxima. Mostramos que é possível ser implacável com o crime e, ao mesmo tempo, agir com responsabilidade e total aderência à lei”, afirmou Freitas.
Reflexão final
Ao defender o equilíbrio entre firmeza e humanidade nas ações policiais, Jerônimo Rodrigues reforça um debate urgente no país: como combater o crime organizado sem reproduzir a violência que se busca eliminar. A Bahia tenta se posicionar como exemplo de que eficiência e respeito aos direitos humanos podem caminhar juntos na segurança pública
Pergunta para interação:
Você acredita que é possível combater o crime organizado com firmeza sem recorrer a ações violentas?




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